sábado, março 03, 2007

JOGOS PENSAMENTAIS (*)

Tinha vinte e quatro damas Todas a fazerem doces Veio o mal da moda nelas Não as deixou senão doze. Das dozes que me ficaram Mandei-as forrar de bronze Veio o velho das bragas largas Não me deixou senão onze. Das onze que me ficaram Mandei-as lavar os pés Veio o melro, molha o bico Não me deixou senão dez. Das dez que me ficaram Mandei-as forrar de cobre Veio o velho das bragas largas Não me deixou senão nove. Das nove que me ficaram Mandei-as fazer biscoito Veio o mal da moda nelas Não me deixou senão oito. Das oito que me ficaram Mandei-as passar rapé Veio o velho das bragas largas Não me deixou senão sete. Das sete que me ficaram Mandei-as aonde sabeis Veio o mal da moda nelas Não me ficou senão seis. Das seis que me ficaram Mandei-as ao vinho tinto Veio o melro, molha o bico Não me ficou senão cinco. Das cinco que me ficaram Mandei-as pesar tabaco Veio o velho das bragas largas Não me ficou senão quatro. Das quatro que me ficaram Mandei-as lá outra vez Veio o mal da moda nelas Não me deixou senão três. Das três que ficaram Mandei-as passear às ruas Veio o velho das bragas largas Não me ficaram senão duas. Das duas que me ficaram Mandei-as guisar perua Veio o mal da moda nelas Não me deixou senão uma. Desta uma que ficou Mandei-a enrestar cebolas Veio o tangoromando Carregou-me com elas todas. 

(*) Jogos pensamentais recolhidos nos Açores por Augusto Teixeira Freitas.