sexta-feira, maio 23, 2008

NEW YORK, NEW YORK

A vista aérea de Nova Iorque, focalizando num mesmo olhar o contorno marítimo e um dos núcleos centrais da metrópole, é algo de uma leveza grandiosa, com as nuances de uma abstração colorida suavizando a concretude das edificações verticais até aos horizontes nublados, quase submersos na invisibilidade. Em 1660 a uniformidade quase rasteira do casario na Ilha de Manhattan demarcava o sítio emblemático do surto tecnológico dos séculos futuros, propício à aglomeração habitacional de milhões de seres humanos irmanados em métodos comportamentais essencialmente pragmáticos e democraticamente cristãos. A reconstituição da Capela de São Paulo, na Broadway é perfeitamente afinada no zelo, no gosto, no amor da tradição do amor humanamente poético. O livro “NEW YORK - The Growth of the City” (Chartwell Books, Inc., New Jersey, 2007), descreve e narra a vida de uma cidade através do caprichoso mostruário do relevo arquitetônico suavizado por linhas curvas e filigranas e toques e miniaturas que amenizam o arrojo gigantesco com as lentes munidas de cores e gradações agradáveis a todos os olhares. As obras de arte pictóricas da arquitetura genérica remontam ao século XVII e, ao contrário das emblemáticas cidades-museus européias, não puderam ser conservadas, foram derrubadas pela sede e pela fome do progresso tipicamente norte-americano. Mas foram reconstruídas através da observância da memória pictórica, com o zelo artístico e a perícia técnica alcançadas pelos fabulosos recursos da tecnologia moderna. De forma que, no livro, a impressão em páginas contíguas (paralelas), confirma o êxito da real evocação de um passado que tanto influi na construção de todas as fase do futuro. As páginas 67 a 71, destinadas à visualização do Central Park, brindam os olhos do leitor com as múltiplas facetas da comparação estética entre as áreas naturais e as construídas. O observador fica na dúvida e aqui opta pela primazia da natureza tão viva e palpitante e ali julga que uma parte embeleza a outra ou fica mais bela assim fisicamente irmanada à outra. A foto panorâmica da página 67 não deixa dúvida: o parque florestal é mais aprazível e mais fluente, mais descansativo mentalmente. Nas outras páginas, onde a mão humana cumprimenta (por assim dizer) a mão da natureza, o leitor aprova a plausibilidade da fusão, sentindo que o arvoredo e o lago dão um sentido ampliado da beleza à ponte, ao barco e ao prédio artisticamente desenhado e construído, que detém, em seus interiores inimagináveis emblemas, sortilégios e preciosidades. A Brooklyn Bridge é, além do valor de comum serventia, uma verdadeira obra de arte pela finura de seus traços que envolvem e encobrem o arrojo da argamassa das alvenarias. E a Estátua da Liberdade, repleta de ícones da modernidade da civilização novomundista das Américas? E o recorte maravilhoso da gótica Catedral de São Patrício na Quinta Avenida? E o Jardim Botânico com seus festivais de flores e de cores desde 1891? E a George Washington Bridge, de 1931, de tal modo extensa, que nem coube no paralelismo de duas páginas? E depois vem o também emblemático Empire States Building, também construído em 1931, cenário de belos e memoráveis filmes? Etcétera e etcétera, sem falar nos outros tantos sacrários urbanos da Broadway, do Wold Trade Center (in memoriam), da Brooklyn Bridge, do Rockefeller Center, do Hayden Planetarium, do Metropolitan Museum of Art, do Madison Square Gardens, todos (e muitos outros) perfeitamente explícitos nas 160 páginas de autêntica poesia viva do livro.