terça-feira, outubro 21, 2008

OS TRÊS NOMES DO GATO (*)

Dar nome aos gatos não é tarefa fácil nem fútil. Muitas vezes quando digo que o gato deve ter TRÊS NOMES DIFERENTES, olham-me de novo, julgam-me biruta. Mas assim é, por mais que estranhem e gozem. Primeiro o nome corrente, de uso da família, que pode ser Poetinha, Alípio ou Conceição. Depois o escolhido de pessoas refinadas (extravagantes ou mesmo sóbrias), como Menelau, Polonaise ou Pixinguinha. Por último o mais íntimo e solitário, que ele mais necessita para manter o orgulho e esticar os bigodes, enrodilhar-se na cadeira ou pular o muro como num vôo - e que pode ser Diadorim, Caracóia ou Ana Lívia Plurabelle, que nenhum outro gato deste mundo ostenta. Mas além desses e acima de tudo e de todos, há um nome especial de sua preferência e esse ninguém sabe e nunca saberá. É o nome que nenhuma pesquisa humana pode descobrir e que só o próprio gato sabe, mas que nunca dirá a ninguém. Assim, quando ver um gato em profunda meditação, os olhos abertos e cegos, as unhas em inocente repouso, saiba que a razão é sempre a mesma: sua mente está ocupada na contemplação de seu misterioso e inescrutável e singular NOME. 

(*) Paráfrase de Um Poema de T. S. Eliot.

1 Comments:

Blogger Clevane Pessoa e Outras pessoas said...

Belo Poema, amigo Lazaro.
Escrevi essa historiazinha abaixo...Sei que sua sensibilidade vai entender...


ÀS vezes um poeta atrai um gato que finge não termedo do medo, nomeia-o e intue que ele tem um nome inominável.O poeta conta à rosa bem amada que o gato, enfim , come de sua mão e roça nele com pelos eriçados quais o de seu ventre cálido.O dela.
Depois, ele, o Poeta,afasta-se .A musa mia para a lua, perplexa.
O poeta agora, tem apenas o gato de rua,sem gata,sem rata sequer,sem pantera-mulher.E enquanto ouve a hiena rir, teme que tranforme-se em loba e o devore.
Enquanto isso, a mulher pantera ronda .Ele freme as narinas e capta o cheiro de cio.

1:54 AM  

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