terça-feira, junho 09, 2009

AS INTERROGATIVAS EXCLAMAÇÕES

O que há de bom entre o sanhaço e a andorinha e de mal entre o porco-espinho e a capivara? Alguma antipatia entre o mico-estrela e a borboleta, entre o caxinguelê e a cotovia? O que há de amável entre o arco-íris e a chuva temporona? E entre o pomo de Adão e a maçã de Eva? E qual é a maldição que paira no fatal encontro da virgem inofensiva e o tarado monstruoso? Quantas peras já caíram dos pés de romãs? E quantas gotas de chuva do sol plúmbeo? O amor é a folha rasgada de uma carta não remetida? A juriti e o curió não se dão as asas? Para qual das galinhas de nosso terreiro o galo do vizinho manda seus melódicos, clamantes apelos nas madrugadas serôdias? O que há em comum entre a puta que pariu em meio às fezes e urinas e o gigolô desalmado nas ruas emporcalhadas da zona boêmia da mais triste cidade? Por que estão nos confins do desamor, o gato no muro e o cão na calçada? Até quando, até quando o homem e a mulher não cansarão de procurarem, debalde, um ao outro?