O DIA DESTRUIDO
O dia ignóbil chega aos becos do arraial. Traz em seus ponteiros o enfeitiçado que vomita bílis, torresmos, rãs e cavalos de maminhas. E também as aldongas e domingas com seus ungüentos e poções e ervas daninhas orvalhadas, que curam quebrantos e maus-olhados, em troca de rapaduras, mocotós e algumas zombarias.... Logo depois um dos gaviões da umbela leva nas garras a casinha de bambus da Viúva Odete. Uma flor regada no sereno espeta as pétalas nos mastros de cocanha dos rituais do Reisado. O possesso, que vomitava capim azul e farelo de madeira sobre o pragmático segmento social do reles arrivismo, estaria a vituperar o imperialismo das republiquetas latino-americanas. Ou a escoimar acintosamente os sortilégios dos adivinhos, com açoites e baraços? No açougue da rua principal do arraial a rês e o suíno esquartejados (pendentes em ganchos como asas sinistras), exibem debaixo das vísceras e em torno das gorduras e do sangue derramado os fariseus contando suas trinta moedas.... No pináculo da glória nefasta, resultou, cabisbaixo, o dia ignóbil no ruado agreste do arraial, no estreito formato de uma estrela vermelha a chover os fogos das lágrimas e dos suores dos falidos amores de uma antiga paixão.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home