AS NUVENS INFORMÁTICAS
A história da civilização tem origens remotas, passa por transições de relevâncias e recaídas. Mas está sempre testemunhando a ocupação intelectual do ser humano através dos veículos de relacionamentos e da divulgação dos conhecimentos, proporcionando seus principais instrumentos executivos como a editoração de livros, revistas e jornais, o funcionamento da radiofonia, do cinema, da televisão e, ultimamente, da INTERNET, sendo esta a mais abrangente das formas conhecidas de comunicação cultural. É a coqueluche dos novos tempos, a lanterna de muitas luzes simultâneas, a faca de muitos gumes, a fruta de muitos paladares. A Revista VEJA, em sua primorosa edição 2125, de 12/08/09, publica farto e valioso histórico a respeito do assunto, sob a rubrica “Vida Digital”, em 38 páginas compactas e agradavelmente legíveis. Em aditamento ao nosso costumeiro hábito de acompanhar toda leitura interessante com anotações dos trechos mais chamativos e pontuais, para assim, possivelmente, partilhar com o leitor uma espécie de síntese fortuita à guisa, por assim dizer, de um aperitivo visando inteirar-se melhormente para a ida, depois, à fonte citada. Eis algumas das anotações pinçadas (algumas despidas de aspas por não serem textuais, mas sintetizadas por mim): - “O autor é dono de sua obra e deve ser recompensado sempre que ela trouxer ganho financeiro a outra pessoa” – lei sobre a propriedade intelectual, na Inglaterra, em vigência desde o século XVIII. - O pagamento dos direitos autorais “é justo e devido ao criador de qualquer obra intelectual. Se esse direito for sitiado, não haverá mais incentivo para criar conteúdos” – Mark Helprin, autor do livro “Digital Barbarism”. - “Uma sociedade grande, diversificada e moderna não pode sobreviver sem propriedade intelectual” – Jurista José Carlos Costa Netto. - “A internet altera o funcionamento do cérebro... Fortalece alguns circuitos neuronais... Aprendemos a levantar mais peso realizando um esforço menor... Mas o uso tem que ser moderado, para evitar a superexposição de efeitos nocivos” – Gary Small, que afirma, também que “a procura de informações na internet sacrifica a profundidade pela amplitude, incita-nos a seguir adiante em vez de parar para refletir”. - “O excesso de tecnologia provoca stress e danifica nossos circuitos cerebrais: passamos a viver num ritmo de crise constante”. - “Aquilo que foi sussurrado nos quartos será proclamado nos telhados”. - “Sua privacidade já é zero. Pare de sofrer com isso”. - “Não ter controle sobre algo tão íntimo como a morte é angustiante”. - “O maior risco da superexposição da intimidade é o arrependimento”. - “O desejo de privacidade é parte da essência humana – ou mesmo de nossa essência animal”. - Akan Westin revisou dezenas de estudos zoológicos para demonstrar que, virtualmente, todos os animais têm necessidade de isolamento temporário”. - Temos de reservar um abrigo que seja de todo nosso... para manter nosso diálogo com nós mesmos”, palavras de Montaigne. - É fundamental definir novas regras em torno do tema privacidade para regular um mundo cada vez mais transparente” – Eric Schmidt, Presidente do Google. - Anda Gary Small com a palavra: “a tecnologia em excesso traz problemas. Moderadamente, é nossa grande aliada”. - Em breve vamos checar e corrigir nosso circuito neural por meio de controles remotos iguais os da TV – e teremos também mínimos implantes na cabeça”. - Stephen Wolfram, dono do site de buscas Wolfram Alpha articula a meta d “tornar computável todo o conhecimento acumulado pela humanidade e oferecer respostas diretas às dúvidas dos usuários”. - Com o lançamento do iPhone a tecnologia Touch Screen multiplicou os programas para as telas sensíveis ao toque dos dedos nos celulares. A páginas 104 a 108 da Revista VEJA relaciona dezenas de modalidades e as variações de recursos digitais. Um festival de inovações. MARINA MORENA. Ela surge silenciosamente como um dia luminoso em nossa tempestuosa temporada. O amigo Edgar Mourão escreveu um artigo enternecedor e coerente, que está circulando na internet, a respeito da possível candidatura de Marina Silva. A súbita aparição dela no primeiro plano da política nacional não deixa de ser uma rajada de ar fresco no pandemônio politiqueiro que sempre imperou no Brasil e que agora chegou a uma espécie de auge insuportável. É uma pessoa desligada da cloaca dos padrinhos e afilhados do mandonismo corrompido e corruptor que tem inviabilizado qualquer tentativa de organizar no país a vigência de uma democracia sadia e praticável. Representa o sonho da ascensão de uma dinâmica criteriosa, uma possibilidade administrativa desenvolta, hábil e honesta, descomprometida dos manjados liames da corrupção institucionalizada nos quadros funcionais dos partidos políticos dominados por velhas raposas mancomunadas no afã de locupletarem-se nas minas de ouro do erário público. Não é assim que suas excelências e seus apaniguados enriquecem torrencialmente, ilicitamente? Sabendo que até pode perder a cabeça, mas não o juízo, a notícia da possível candidatura dela injeta nos brios morais dos eleitores conscientes uma esperança de remodelação da viciada sistemática de corromper os procedimentos do poder público até chegar ao estágio da incompatibilidade do exercício governamental com a dignidade patriótica do povo brasileiro.
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