POEMAS TCHECOS
PALAVRAS PALAVRAS PALAVRAS – Karel Sis (*). As palavras sem pátria Voam de boca em boca Entram numa orelha e saem em outra. As palavras sem dono Vagam nos periódicos E em cada esquina Levantam sua pata. As palavras dos livros Estão contentes, negras, sobre o branco Vistas em folganças Ocultas da brasa do fogo e do fio da espada.
(*) Traduzido do tcheco para o castelhano por Clara Janés e do castelhano por Lázaro Barreto.
NÊNIA PARA UM ADULTO – Jana Pohanková (*).
No silêncio
Podemos ouvir as batidas do coração
Enquanto as lamúrias da noite vão
Vão caudalosas no meio das águas
Pesa
A sua boca dormindo sobre o meu braço
E o branco barco da respiração cai,
Cai e depois se eleva
Sobre o mar antes da aurora.
A ternura
Aos ouvidos submissos levamos.
E os cavalos relincham para as estrelas
Ao serem levados para os estábulos.
(*) Traduzido do tcheco para o castelhano por Clara Janés e do castelhano por LB.
A SOMBRA DE UMA PEDRA MOVEDIÇA – Jarmila Urbánková (*).
Eu era uma menina medrosa:
temia os despenhadeiros, seus longos deslizamentos,
muito mais do que as outras crianças.
Assustavam-me os fantasmas.
Os fantasmas assustavam-me.
Uma vez senti medo da sombra
de uma pedra movediça,
uma pedra recoberta de musgo,
metida entre as rochas,
a rodar, a rodar, a rodar
daquela altura inalcansável,
a sombrear, a sombrear, a sombrear
todo o caminho
e os campos e as casas,
as formigas e a minha pessoa.
Até que com um obscuro estrondo,
partiu em duas partes o campanário,
inundou o pântano
cuja água cobriu tudo que de vivo
havia ali.
Tudo que de vivo havia ali ficou inerte.
A pedra movediça não derrubou
muitos adornos da região,
mas uma sombra terrível desceu,
desceu sobre a minha infância.
(*) Tradução do tcheco para o castelhano por Clara Janés e do castelhano por LB.
Todos os poemas foram transcritos da Revista “Panorama de La Literatura Checa”, Praga 1988, números 9 e 10, enviados ao LB pela escritora Pavla Lidmilová.
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