segunda-feira, agosto 31, 2009

FUTEBOL, POLÍTICA, RELIGIÃO

Um dito popular corrente nos meios rurais é o de que não se deve discutir futebol nem política nem religião. O consenso das opiniões será impossível – e nunca se deve chover no molhado. Nem mexer com quem está quieto. Sempre, da infância aos últimos anos da juventude, freqüentei os campos de futebol, jogando nos times amadores e assistindo as disputas dos profissionais. Experiências inolvidáveis. O calor da luta renhida, não só física como (talvez?) metafísica. O escritor Albert Camus assegura que aprendeu mais sobre a vida jogando como goleiro (na França) do que lendo os melhores livros de filosofia. Jamais esquecerei das performances de craques como Domingos da Guia, Leônidas, Zizinho e Ademir nos meus tempos da mais tenra infância. E depois a boa lembrança das proezas de Garrincha, Nilton Santos, Tostão e Dirceu Lopes, na idade adulta. Mas agora, francamente, o futebol brasileiro está entregue às barata, ou seja, aos agenciadores, administradores e treinadores e árbitros, uma máfia de exploradores e usurpadores das qualidades e capacidades técnicas dos jogadores, que viraram produtos de aluguel, compra e venda, como se não fossem seres humanos, mas sim títeres enriquecedores. E daí o que acontece? Os times se formam e logo se deformam com a incessante renovação e venda dos jogadores para o estrangeiro. A exportação brasileira que já foi de pau brasil, borracha, cana de açúcar, café, agora é de jogador de futebol. E assim, com as equipes constantemente descaracterizadas pelas sucessivas substituições, o futebol que a gente conhecia e amava, praticamente acabou. O que vemos agora são as peladas para “inglês ver”, como se diz. Qualquer rapaz que demonstre aptidão (“jeito”), está logo na mira dos olheiros para a comercialização em toda parte do mundo que disponha dos euros e dólares da cobiça escandalosa. Algo estapafúrdio, um jogo no qual o que está em jogo é o vil metal e não aquela bola redondinha dos craques do porte de Jarzinho, Didi, Sócrates, Jair da Rosa Pinto e Pelé. Seus êmulos em qualidade estão em fim de carreira (Ronaldo Fenômeno) ou jogando no estrangeiro (Cacá, Ronaldinho Gaúcho, Robinho). O espetáculo futebolístico minimizou de tal maneira que seria até conveniente que agora fosse levado ao público apenas pela televisão, disputado em estádios sem as magnificências dos mineirões, pacaembus e maracanãs. Duas vantagens adviriam: pela televisão o torcedor não precisa sair de casa e correr o risco de morrer nas terríveis refregas e, além disso, fica favorecido por duas opções: ligar e desligaro aparelho e o jogo. 

RELIGIÃO Shakespeare (sempre ele) teria dito que muitas vezes o demônio usa a Bíblia em seu próprio proveito (se não disse, deveria ter dito, pois é uma frase digna da estatura intelectual dele). - Antigamente o Signo de Salomão era o desenho (em relevo ou não) da estrela de seis pontas, largamente utilizado na magia ritual do esconjuro. - Os inquisidores não acreditavam nos poderes excepcionais das bruxas e feiticeiros – mesma assim assavam-nos nas fogueiras da Idade Média. - Segundo a crendice da época os feiticeiros endureciam a água, levantavam e mantinha objetos pesados no ar, desencandeavam ventanias e chuvaradas e sabiam encher a casa de diabos – mas não sabiam esvaziá-las deles. - Segundo o sociólogo Artur Ramos, Deus, como abstração monoteísta, é uma entidade hermética ao entendimento popular. Assim, popularmente, Ele passou a ser figurado num símbolo concreto: o do “padre eterno convertido num velho de barbas branca”, herança de antigos paganismos. - O ateísmo, filosoficamente discutido e divulgado por André Comte-Sponville, contesta a tese criacionista e defende a veracidade existencial de Jesus Cristo, creditando à doutrina dele, cristianismo, o que há de melhor na religiosidade histórica do bramanismo e do budismo, fixando sua própria saliência como uma religião que exorbita da fé mística, alçando-se em termos racionais como plenamente provável e saudável (se despojado, claro, de toda a nebulosidade criacionista). 

POLÍTICA - Segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira: “ciência ou arte de dirigir os negócios públicos; ramo das ciências sociais que trata da organização e do governo e dos estados; arte de dirigir as relações entre os estados”. Ou seja: algo inexistente no Brasil de nosso tempo, infelizmente. - Corrupção, segundo o mesmo dicionário do mesmo autor: “ato de corromper (tornar podre, estragar; perverter física e moralmente; adulterar), depravação, suborno”. Ou seja: é o que funciona no país, substituindo a ciência e arte de cuidar da nacionalidade e de seu povo com honradez, civilidade, salubridade.