O FOGO APAGOU
Elegia para o Poeta Alécio Cunha.
O fogo apagou.
O fogo apagou.
O fogo apagou,
entoa, furtivo e lúgubre, o pássaro no galho da mangueira,
nesta manhã chamuscada de dor e desalento.
Celebra em epicédios para sempre noturnos
uma tristeza que sangra,
cantando?
Envia, teimoso e persuasivo, os estribilhos
da mais lânguida apoteose visceral?
Espatifa-me o coração assimilar,
assim
o mais explícito reflexo da melancolia,
o mais desditoso rancor,
assim
ainda tão de manhã
entre os galhos amanhecentes da mangueira,
borrifando-me os negrumes de outros dias,
assim
portador de outras alegorias fúnebres
(tantas premissas de desencantos).
Ó pássaro amoitado nas folhas ainda úmidas de sereno,
por que
anuncia-me assim o cenho carregado das nuvens
que pairam sobre o dia doentio?
Por que?
Desencanta em si o desenlace
ou deplora em mim o infortúnio?
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