segunda-feira, novembro 30, 2009

O FOGO APAGOU

Elegia para o Poeta Alécio Cunha.

O fogo apagou. O fogo apagou. O fogo apagou, entoa, furtivo e lúgubre, o pássaro no galho da mangueira, nesta manhã chamuscada de dor e desalento. Celebra em epicédios para sempre noturnos uma tristeza que sangra, cantando? Envia, teimoso e persuasivo, os estribilhos da mais lânguida apoteose visceral? Espatifa-me o coração assimilar, assim o mais explícito reflexo da melancolia, o mais desditoso rancor, assim ainda tão de manhã entre os galhos amanhecentes da mangueira, borrifando-me os negrumes de outros dias, assim portador de outras alegorias fúnebres (tantas premissas de desencantos). Ó pássaro amoitado nas folhas ainda úmidas de sereno, por que anuncia-me assim o cenho carregado das nuvens que pairam sobre o dia doentio? Por que? Desencanta em si o desenlace ou deplora em mim o infortúnio?