sábado, julho 23, 2011

FLORES E ESPINHOS

O PARQUE DA ILHA. A extensa área do Parque da Ilha, em pleno centro da cidade de Divinópolis, enfaticamente chamada de área verde está, agora, a merecer o cognome de área queimada, tanto que o fogo tem debastado a vegetação de seu arredondado e belo interior cercado pelos braços do Rio Itapecerica. Dezenas de árvores enormes continuam de pé, mas com as folhas, os galhos, os troncos e até as raízes enegrecidas pelas chamas criminosas perpetradas pelos vadios da cidade. Poucas verdes restam de pé, engolidas pela macega e os espinheiros que aguardam novos fogos de isqueiros e paus de fósforos. A Prefeitura devia fazer uma boa limpeza, sem desmatar mais, coordenada por quem entende de fertilidade do solo e de sua necessária proteção e impulso. Assim, quem sabe, poderemos ter, pelo Centenário, um parque florestal em pleno centro da cidade, a exemplo (mesmo em escala menor) dos de Belo Horizonte, São Paulo, Viena, Nova York e tantas outras cidades que cultuam o bom gosto, o prazer da saúde ecológica e o primor visual das cores da Natureza, que é, sem dúvida, a Mãe da Humanidade. PIEDADE E VIOLÊNCIA. No ser humano o amor (a graça) e o ódio (a desgraça) interagem mantendo a contradição em graus díspares: mais benfazejos em algumas pessoas, mais malfazejos em outras. A qualidade da cultura predominante no meio social é o que, então, prevalece. Assim acontece que o amor (corrompido) de uma pessoa a outra pessoa pode até mais mal do que bem a ambas as partes. RELANCE NEBULOSO. O escritor James Joyce (até hoje mal amado e mal entendido) teve que mergulhar nos abismos de águas tempestuosas para revelar à luz do dia os bichinhos da inquietação humana. Um trabalho nebuloso a favor da claridade? O resultado prático da reflexão da leitura é a visão que o leito do rio da vida estranha, tenta repudiar, mas logo prevê alguma certeza radiante na voracidade do nevoeiro. RELANCE DESCONTRAIDO. - Por maior que seja o buraco em que se encontra, sorria, pois ainda não há terra em cima. - Se o horário oficial no Brasil é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta? - Homem é que nem vassoura: sem o pau não serve para nada. - Marido é igual menstruação: quando chega incomoda; quando atrasa, preocupa. - Se o dinheiro falasse, o meu só diria tchau.... - A calcinha não é a melhor coisa do mundo, mas está bem perto. - Na meia-idade o trabalho não dá prazer – e o prazer começa a dar trabalho. AS SEMELHANÇAS, AS DIFERENÇAS. Um rosto lembra sempre outro rosto. Daí a nossa simpatia ou antipatia espontânea-instantânea. Isso é constante desde a minha antiga cinefilia: quando vejo uma Adelina que me lembra Laraine Day, quando vejo uma Anália que me lembra Paullete Goddard: ah! A luz verde acende logo no sinal do trânsito! Mas se quem vejo me lembra Bette Davis depois dos 40, nos papéis de megera, ou Jack Pallance nos papéis de bandidões : ah ! a luz vermelha interceptante logo acende : é o bloqueio de minhas pobres afeições. Creio que a fiança das semelhanças é bem mais garantida, desde que haja o crédito e não o débito das diferenças: a irmã ou a prima, mesmo que por parte de Adão e Eva, é melhor, muito melhor, pois: tem muito de nós nela, tem muito dela em nós. PRESSIONADO PELAS IRRESOLUÇÕES. O dia espouca e esplende, indiferente aos problemas físicos e mentais dos seres humanos, desnorteados na progressiva desumanidade, pelo jugo da incúria, da possessão demoníaca do salve-se quem puder, do poder espúrio do crime muito mais organizado que sua pálida repressãi.