UMA NOVA AUTORA
Ela escolheu um tema bem árido para dissertar. O concretismo, como forma poética, ainda não tem, ao alcance da comunidade estudantil, uma fonte bibliográfica que possa, amplamente, instigar e orientar o estudioso. É um movimento literário de bons resultados e de poucas promessas, que tenta alicerçar uma tradição a meio-caminho da completude, sofrendo a dificuldade de se consolidar, tendo em vista que sua trajetória prima mais pela polemização do que pela poemização (com o perdão deste espontâneo jogo de palavras). Autora iniciante, Marilda Mendes da Silva, emaranha-se um pouco neste terreno movediço, sem ponto de apoio definido. Mesmo assim com brilho e lucidez sua apostilha – “Jornal LiterJovem e Reminiscência do Jornal AGORA Literário” – abrange, circularmente as variantes da dialética dos tempos que hoje correm. A intenção dela é interrelacionar a temática do modernismo das publicações do AGORA na década de 60 com a relação( pós-modernista?) jornalismo/literatura das publicações do LITERJOVEM, de nossos dias. A linha que norteia o texto, como ela diz, é casar a paixão da arte com o fascínio da tecnologia, para acender a luz de uma cultura contextualizada na realidade. Acertadamente ela se vale dos lineamentos históricos do território municipal de Divinópolis, pesquisando e elucidando o encadeamento das idéias e dos fatos que construiram, no tempo, o espaço vivencial das pessoas de hoje em dia. Em poucas palhetadas ela reporta os episódios da fundação da Paragem do Itapecerica, citando os índios da Serra do Cristal, os colonizadores da Picada de Goiás, o papel de Manuel Fernandes Teixeira ao construir a Capela do Espírito Santo e São Francisco de Paula e doando parte de suas terras para constituir o Patrimônio da mesma Capela. Conceitua muito bem o papel dos legítimos dominadores da região, na entrada do século vinte, enfatizando as lideranças políticas de homens ilustres como Antônio Olímpio de Morais, Pedro X Gontijo , Walchir Jésus de Resende Costa, e as lideranças carismáticas dos Franciscanos e dos Mentores Educacionais de órgãos como o Instituto de Educação e Cultura e a Fundação da Comunidade, instauradores da exemplaridade do viés cultural na vida social ainda em formação de uma cidade reconhecidamente progressista. Aí ela descreve e narra o surgimento às vezes paulatino, às vezes simultâneo de instituições e eventos como os grêmios recreativos e artísticos, os clubes de amadores teatrais, os cine-teatros, os jornais de nomes sugestivos como A Prova, O Clarão, Pela Vida, Recreio etc., citando sempre os fundadores e mantenedores. É com a mais grata satisfação que testemunhamos, pois, a estréia de Marilda Mendes Silva, notando, em sã consciência, que o embasamento teórico dela está a exigir o desenvolvimento empírico que virá, certamente, no bojo da maturação de seus ainda verdes anos de vivência intelectual. Assim, aos poucos, ela vai, concomitantemente, recalcando os parâmetros ideológicos e acionando as instintivas ressonâncias do que ela já tem em si, na vocação, na argúcia e no despreendimento. Bem haja, pois.
1 Comments:
Oi, Lázaro! Sempre visito seu blog, e, como sabe, aprecio imensamente!!! Estas palavras que você disse a respeito de meus trabalhos condizem com sua fineza, cultura e imensa gentileza. Mais uma vez, muito obrigada!
Marilda Mendes.
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