terça-feira, abril 18, 2006

A CHEGADA DA VELHICE

Primeiro a gente chora muito para desanuviar os olhos, lavar o peito depois vem o remoer dos achaques a manutenção de índices saudáveis nos órgãos vitais da serenidade um grito ali da magreza ou da gordura outro aqui das palpitações e secreções as mágoas viscerais nas recepções e expedições de nutrientes e mensagens degringoladas a emoção às vezes insuportável de um sonho falido depois vem a próstata crescida, estreitando o canal da uretra aí a glicose se altera, a coluna arqueia e logo a pressão arterial acuada pulula ao encontro da cirrose degenerativa, a disfunção disso ou daquilo, dos pés à cabeça as cãs duelando com a calvície as manchas tempestuosas vindas das invernias atmosféricas bem ali bem ali no excesso de peles e veias nas gritantes feiúras faciais e a disritmia entre o desejo e a função como se aquele estivesse bem aqui ainda e sempre fervoroso, e a outra afastando-se para as colinas distanciando cada vez mais nos horizontes cinzentos, que estão indo cada vez mais para os círculos de outros limites.