IDA LUPINO
Meu eterno e universal amor por Ida Lupino é o de um homem do passado do presente do futuro por uma mulher do passado do presente do futuro. Nem mais nem menos: absolutamente igual. Ida Lupino estrela que não se apaga (de filmes tecnicamente apagados?). Seria impossível aceitar que caísse nos braços de elementos de espúria engrenagem (o que seria uma maldade imperdoável). Pessoa assim bafejada pela luz, pela luz que é um óbvio calor, ela, diáfana estrela da noite esquiva, ela própria esquiva ao contracenar no dia-a-dia das banais ocupações, como poderia ser menor, ser maior, se prefere ser incólume e poupada? Aureolada moça de um tempo perenizado no meu olhar cativo de seus pressentidos e nunca declarados encantos? A desenvoltura na esbeltez, o silêncio que imprime no falatório ambiental, o doce gesto de quem recusa mas compadece, o amor resguardado para uma precípua finalidade (por ela e só por ela) delineada nas linhas contrárias de outros riscos e bordados: é assim que ela oculta a beleza de seus dons, impedindo-me de procurar em seus cabelos um sinal afirmativo, negado pelos olhos abstratos e inexplicáveis. Por que será que tanto esconde os pés as mãos os lábios as curvas do corpo? por causa dos inevitáveis assédios? Sei que está certa e que faz bem ao esconder assim as prendas, que assim se preservam no recôndito dos sonhos, de meus exclusivos reiterados enciumados azulados e para sempre irrealizados sonhos.
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