sexta-feira, junho 02, 2006

A FAZENDA DA MATA

O Mesmo ou Dois Poemas.

Aos poucos o sol dissolvia o verde circundante 
A estrada de terra, ladeada de sucupiras e jatobás 
Na curva a sombra úmida dos muros inamovíveis  
O vento fazia das águas um súbito monte verde 
(ser um pouco infeliz não faz mal a ninguém) 
Chovia fino e logo chegamos ao pátio 
As flores recebem os jornalistas sequiosos 
No quintal o córrego em sua eterna viagem de ida. 

 As mãos acariciam as crinas da encosta 
Aqui e ali esculpem 
O rendado de relva e das pedras 
A orquídea clareava as feições das pessoas 
Vivificavam o ar que respirávamos. 

O sonho de tudo nas suas conformidades 
Está nas espigas do paiol, condensado 
As ações viáveis partem do tempo neste lugar? 
As nascentes são de puro orvalho? 
O pássaro é uma flauta metafísica? 
Assim, cúmplices na esperança 
Batemos as fotos de Tancredo e Risoleta: 

Ele, uma bandeira de vida Ela, o ponto de vista e de apoio. 
Depois a tarde fechava os flancos 
A chuva era farta e mansa 
Fecunda e bela e veraz sobre a sementeira 
Da Fazenda da Mata 
A dois passos da cidade de Cláudio, Minas Gerais. 

II 
A estrada de terra, ladeada de sucupiras e jatobás 
Na curva a sombra úmida dos muros inamovíveis 
Aos poucos o sol dissolve o verde circundante 
Chovia fino e logo chegamos ao pátio da Fazenda 
As flores recebem os jornalistas sequiosos 
(ser um pouco infeliz não faz mal a ninguém) 
O vento fazia das folhas um quintal de clorofilas 
As mãos abstratas acariciam as crinas da encosta 
Aqui e ali esculpem signos e promessas no rendado 
De relvas e de pedras decorativas 
A orquídea pendente abençoa as pessoas 
O próprio ar da tarde é mais afetuoso. 
O sonho de tudo nas suas conformidades 
Está nas espigas do paiol, condensado 
As ações viáveis partem daqui, agora? 
Os poentes são nascentes de orvalhos? 
O pássaro é uma flauta metafísica de uma política 
Mais poética? Assim, pois, cúmplices da esperança 
Batemos a foto de Tancredo e Risoleta 
Ele, uma bandeira de vida saudável 
Ela, o ponto de vista e de apoio.  
Logo depois a tarde fechava os flancos 
A chuva era farta e mansa e fecunda 
E bela e veraz na sementeira vivaz 
Da Fazenda da Mata, a duas pedras de toque 
A dois passos da cidade de Cláudio.