PROUST SABIA DELA
Quando namorar era apenas flertar (não era apenas namorar, era sobretudo amar) Ah! o olhar dela não terminava nem quando ela não mais olhava, nem mesmo quando ela não estava mais ali jogando-me os olhos de seu olhar, ali onde estava o corpo que era alma, fina eloqüência de supostas delícias: mesmo na ausência, ela me olhava. “Uma hora não é somente uma hora”, dizia Marcel Proust, que acrescentava: “é um jarro cheio de perfumes, de sons, de projetos e de climas”. Ela tomava banho de lua em pleno dia? Engolia o chuvisco que vinha do arco-íris? Ah! o corpo de luz que oculta na própria sombra a alma: onde li isso que tanto vi nela? E o coro dos anjos a cantar na invisível gota de um de seus sorrisos: onde li isso antes ou depois de vê-la?
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