QUATRO LETRAS QUE CHORAM
O amor não se desembaraça dos cordéis da inexatidão. Tem vida própria que se deixa contaminar pelas doenças do ciúme, da paixão, do ódio, que levam-no ao precoce falecimento? Tem mesmo que morrer antes de florescer e frutificar? Então não passará de ilusão infantil, uma simples engambelação? É o nudismo mais puro da intimidade, que não pode ver o sol nem ser por ele visto: é toda uma faina enluarada? Depois ou antes dele e não nele o ar é o chão e o chão é o ar, assim como o desamado a correr de si mesmo nos pastos e várzeas, enquanto os galhos da aroeira em forma de gaviões machucam-lhe a cabeça e o coração? O amado é uma forma completa de conhecimento? É nele que ao pensamento seguem, desembaraçadas, as suas palavras que desmancham os vazios, algo assim com o sabor e o calor do vinho no copo, do beijo na boca, Imagens celestiais nas águas diáfanas, Anjos sublimados rodeando as baixadas estrelas? O mergulho na macia imensidão azul: ah falta só abrir os braços e as pernas, não para sair, mas para entrar, para entrar para entrar na etérea profundeza, na entrega ao prazer das inocentes vertigens. Ah, sonhar acordado de vez em quando, no seio da volúpia nas asas da luxúria, no vôo sobre as quintessências finalmente assimiladas? É: é mesmo assim o amor amor amor?
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