quarta-feira, julho 26, 2006

TRISTÃO E ISOLDA

Um Wagner musicalmente cadenciado e cabisbaixo, a orquestra em surdina, as vozes contidas na modulação, nada do triunfalismo e dos ribombos e veemências que André Gide tanto detestava, que o próprio Nietsche desdenhou. Ah Wagner Wagner, que lá a seu modo és um tanto ou quanto aborrecido, ah isso que é, é! Mas Tristão e Isolda é um caso à parte. O hálito dos suspiros sopra as velas dos mares na cama o deleite se faz e se desfaz em sorrisos em sonhos de amor começados só depois é que vem a parte da saciedade malsã e logo o próprio amor procura outro amor o que está farto de um já está sedento de outro os alheios espinhos golpeiam mortalmente as íntimas susceptibilidades e na vida que parecia eterna o amor imolado vira cinza aqui para adubar outro ali e assim o coração depois de cansado descansa um pouco prontificando-se e assim só a morte dos amantes conservará a perpetuidade do amor.