quinta-feira, agosto 03, 2006

A JANELA DOS ANOS

Tempo parcialmente nublado, diz a meteorologia
Espaço completamente corrido, dizem os olhos.
As águas passadas tocam os moinhos da frente
O amor dos melhores é um orgasmo infindável!
Mas sem a cidadania, nada feito nem a fazer!
Os gestos sabem falar de cor e salteado
O boi é um pássaro de muitas e muitas arrobas,
que canta e voa por necessidade e boniteza.

Quando aos olhos as mãos ficam belas
(escondidas para fugirem das pegadinhas
ali onde as glandes se encontram e explodem),
Deus fica um pouco canhestro, um pouco míope
(a luz demasiada cega
o poder demasiado esteriliza).
A vida é muito mais que sua história:
a imaginação é onisciente
mas a vontade não é onipotente.
Só mesmo Deus para salvar-me bem ali
na janela dos anos de vida e morte.
A sensualidade canta em silêncio:
que o que está no ar
é de quem pegar primeiro.

O rochedo muda de lugar, se olhamos.
Se viramos as costas ele dá alguns passos.
O alecrim do pasto, diz a lenda, nunca passa
da altura de Cristo, ou seja:
depois dos 33 anos de idade ele,
cresce para os lados e não para cima.
O tempo é democrático:
ninguém fica mais novo, todos ficam mais velhos.
O frio chora pelos cantos, mas o amor mesmo a dormir
escreve os poemas, tira o sono dos lugares.