CORRESPONDÊNCIA DE DRUMMOND - REPERCUSSÃO
A descoberta das cartas e dos poemas inéditos que Drummond enviou a Lázaro Barreto no período de 1963 a 1986, pelos jornalistas Luciene Queiroz e Alécio Cunha, mereceu enfática reportagem cultural nas edições dos dias 6, 7, 8, 9 e 10 de abril de 1997, do jornal HOJE EM DIA, de Belo Horizonte. A do dia 6, com fotos e chamada de primeira página em caixa alta, ocupou seis amplas e compactas páginas do caderno dominical de cultura, também com fotos coloridas e ampliadas, encabeçando o título da introdução ao assunto, “Confidências de CARLOS & LÁZARO”, que encaminha o leitor aos textos das páginas 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Alécio, com a colaboração de Luciene, conta a história do relacionamento epistolar, baseando-se nas informações verbais do Lázaro e nas próprias cartas do poeta itabirano, transcritas em fac-símiles, bem como os poemas até então inéditos que escreveu especialmente para seu leitor e amigo de Divinópolis, datilografados e/ou manuscritos, em caprichoso visual (a cores, nos originais). Na edição do dia 7 (ainda com chamada de primeira página), o jornal fala ( através do Alécio) da repercussão da descoberta dos poemas inéditos, sob o título entre aspas de uma frase tirada da declaração do crítico Antônio Cândido (um dos maiores nomes da literatura do Brasil): “Esse Achado é Histórico”. Na íntegra a citação é : “É de salutar importância este novo olhar sobre Drummond. Há um vício entre os pesquisadores de acreditarem que a obra de um autor pode se esgotar. Drummond não se esgota e esse achado é histórico”. Ao lado, na página, as opiniões sobre a reportagem: 1 – Antônio Sérgio Bueno, Professor de Literatura Brasileira na UFMG: “Li com surpresa e entusiasmo o Caderno de Cultura do HOJE EM DIA. Pude matar dupla saudade, do maior poeta brasileiro de todos os tempos, de que não esperava mais nenhum sinal depois de “Farewell”, e do querido Lázaro Barreto, a quem vou escrever ainda hoje uma carta de gratidão por este presente que deu a todos os amantes da poesia. O material publicado é da maior importância porque nele se aprende lições da melhor arte poética. De repente, os poetas, especialmente os iniciantes, ganharam dois mestres supremos para qualificar melhor sua luta com as palavras. Muito obrigado, Lázaro, e as mais vivas congratulações ao HOJE EM DIA que nos proporcionou uma luminosa uma manhã de domingo”. 2 – Thais Drummond, Psicanalista e Doutora em Literatura Comparada: “A descoberta da correspondência inédita entre os poetas Carlos Drummond de Andrade e Lázaro Barreto, realizada pelo HOJE EM DIA, vem acrescentar um fio significativo à trama das amizades literárias que se constroem e “desconstroem” a partir dos arquivos de escritores brasileiros. Assim, a matéria “Confidências de Carlos e Lázaro” participa do resgate de nossa história intelectual e ainda inscreve a cidade mineira de Divinópolis no mapa da cultura brasileira”. 3 – Letícia Mallard, Professora e Pesquisadora de Literatura Brasileira: “A matéria foi superimportante, expondo as relações entre o escritor consagrado e o iniciante à procura de espaço. O leitor viaja por inéditos de Drummond que “poetam” o clima paradoxal da dor e alegria dos dezembros, capta-se nas cartas, a simpatia paciente do time do conselheiro literário. E mais: a matéria projeta e divulga o trabalho de Lázaro Barreto”. 4 – Lyslei de Souza Nascimento, Mestre em Literatura Brasileira e Doutora em Literatura Comparada: “No arquivo continuamente aberto das relações entre os escritores, as cartas trocadas por Carlos Drummond de Andrade e Lázaro Barreto promovem novas possibilidades de se acessar materiais até bem pouco tempo considerados “residuais” no universo da leitura e da pesquisa. Muito mais do que rastrear textos de caráter privado, que poderiam ser objetos de mera curiosidade, essa correspondência fornece ao leitor/pesquisador um sem número de leituras que ampliam voz e letra dos escritores. Destaca-se, nesses terrenos sedutores da escrita particular, uma história da intelectualidade mineira da década de 60, cuja recuperação compõe o perfil do escritor mineiro e as inusitadas situações que a escrita pode levar. Desta forma, o arquivo particular de Lázaro abre-se para múltiplas leituras e instaura um “arquivo público” cuja janela reenvia o leitor não só aos textos literários, mas ao mapeamento da poética drummondiana que, nos interstícios das cartas, revelam a liderança do poeta e a amizade intelectual que permeia a literatura mineira. 5 – Vera Casanova, Professora de Literatura Brasileira na UFMG: “...Este espaço nos jornal, dado às cartas poéticas entre Lázaro Barreto e Carlos Drummond de Andrade, abre novos espaços para as letras, mais um momento para a escritura mineira, trazendo o Drummond das cartas, sempre aberto aos novos escritores, descobrindo e inventando afetos poéticos, encorajando a publicação e fazendo seu verso multiplicar e migrar de alma em alma. Lázaro Barreto, aquele que se junta a Bandeira, Murilo Mendes, João Cabral, entre outros leitores de Drummond, e se enreda na paixão do poético, recebendo idílios que ultrapassam as esferas do corpo, indo habitar o eterno lugar do Poeta”. No canto direito da página 1 do dia 7/4/97, o jornal publica o texto intitulado: “Inéditos dão alento ao estudo da Poesia”, que na íntegra é o seguinte: “O filósofo e crítico literário Marco Luchesi, autor de “O Sorriso do Caos”, acredita que a descoberta dos poemas na correspondência entre Lázaro e Drummond valoriza a crítica genética, os estudos dos originais e manuscritos de textos literários e suas variadas versões. “Um poeta como Carlos Drummond merece uma avaliação constante de sua obra”, afirma. O poeta e tradutor Fernando Py, responsável pela organização bibliográfica da obra drummondiana, não se conteve enquanto não ouviu duas vezes a leitura dos poemas. “Não acredito no que meus ouvidos estão olhando. Isto mesmo,olhando e não escutando, porque eu juro que eu posso ver. Por que isso é Drummond e como é Drummond”, disse. O escritor Autran Dourado também está muito satisfeito com a descoberta. “Toda vez que uma faceta não muito conhecida de um determinado autor é descoberta, a Literatura ganha um prêmio. Não vou discutir o mérito literário dos poemas, que creio serem menores no manancial literário tão múltiplo de Carlos Drummond, mas a validade deles é inegável”, disse. Responsável pela futura edição da obra completa de Drummond pela Editora Nova Aguilar, Isabel Lacerda lembra que este material poderá ser utilizado no volume relativo às correspondências do poeta. “É um achado de valor inestimável. Pena que não tenha vindo antes”, afirma, torcendo para que, através desta reportagem, surjam outros “depositários da poesia de Drummond”. E a reportagem segue, com o texto de Nilton Eustáquio (editor de pesquisa do próprio jornal): “Nunca Te Vi, Sempre Te Admirei”. E na página 3 da edição do dia 8, Alécio publica o texto “Todo o Mérito à Poesia Drummondiana”, na qual Lázaro confessa estar receioso de ser mal interpretado ao revelar ao jornal a posse das cartas e dos poemas, quando na verdade só aceitou a publicação visando prestar uma espécie de homenagem póstuma ao grande poeta, na passagem dos dez anos da falta que ele faz à vida literária brasileira. Na mesma edição constam outros textos de intelectuais de renome como Afonso Borges, Eneida Maria de Souza, Maria Zilda Ferreira Cury, Leonel Porto. E nas edições dos dias 9 e 10, 18 e 19 do mesmo mês o noticiário da repercussão prossegue com novos textos em forma de cartas da Mestre em Comunicação Ana Paula Barreto e da escritora Ruth Silviano Brandão, que afirma: “A descoberta dos manuscritos é significativa para os estudos de Literatura Brasileira, não só em termos da obra de Carlos Drummond de Andrade, como da revelação de Lázaro Barreto”. Outros jornais também se manifestaram a respeito da reportagem. O Jornal do Brasil do dia 05/06/97 publicou, com chamada e ilustração na primeira página, o artigo intitulado “Drummond e os Poemas ao Amigo Oculto”, de Fabiano Lana, com ilustração ampliada e reprodução de alguns dos poemas inéditos de Drummond. O jornal AGORA, de Divinópolis, na edição do dia 09/05/97 publica o artigo (com chamada de primeira página) de Guilherme Filho, intitulado “Lázaro conta o relacionamento com Drummond”. Outro jornal de Divinópolis, o GIRO, na edição de setembro de 2002 publica uma página inteira sobre o assunto, intitulada “Frutos de Amizade”, com textos sobre a reportagem, fac-símile de uma das cartas e de um dos poemas – e também do poema “Os Felizes Oitent”anos”, com que Lázaro celebrara, na época, o aniversário natalício do grande poeta. Na Gazeta do Oeste, também de Divinópolis, Maria José Faria Botelho publica, na edição de 11/04/97, a crônica “O Poeta do Dia”. Pessoalmente o Lázaro recebeu inúmeras cartas e telefonemas de outros escritores (inclusive do seu velho e querido amigo José Afrânio Moreira Duarte), de leitores, amigos e estudantes, todas avivando a importância do evento dado a lume como uma simples e sincera homenagem póstuma do destinatário ao remetente da correspondência.
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