domingo, abril 01, 2007

DOCE JOGO DE LUZES

O doce jogo de luzes dos olhares femininos é uma forma de paz social diante da amargura guerreira de outros olhares de nossos dias atribulados de nossos semelhantes amotinados, infrutiferamente. Uns são deliciosamente verdes quando passam esticados e fúlgidos na procura e na oferta. Outros são negros no semblante consentido a algo que entristece a portadora abnegada. Outros são castanhos na volta do dia padronizado, ou azuis ao longo do sono da meia-noite suspirosa. Outros são verdes quando passam levando recados aos nossos, que ficam , imobilizados no encantamento. Todos vivos dentro do emaranhado de fogos das vestes delas, assim de passagem na contramão da avenida dos flertes. Eles não sabem o que dizer quando procuram o amor em nosso amor? E assim é que de repente surge o olhar inquisitivo a presenciar interrogações persuasivas, insinuantes, assim mesmo de longe, aproximando-se ao distanciar no quarteirão da rua tremeluzente! Sem falar no furtivo de soslaio, suscitador de ilações, que não sabem se dão ou se pedem. Os nomes de cada um são os mesmos de suas donas? Todos bíblicos e nenhum jurídico? Os de Ester já passaram no descuido ou vão passar no prolongamento de uma nova atenção, ao longo das prementes expectativas? Os de Sara, assas ressabiados? Os de Judite, impositivos, requerentes? Os de Débora, inebriantes, inquietantes? E os mais primitivos das egípcias e persas? E os mitológicos das gregas e romanas? e os meramente humanos e não obstante completamente divinos? Eles bafejam, cerceiam, cercam, abençoam seus amantes para agredir e engambelar? Eles podem cegar momentaneamente? Quais seriam as perguntas principais, as principais respostas, que exprimem tão sigilosamente? Ah, nós, os olhados aqui, ali e além, não passamos de vítimas hipnotizadas na festiva chuva desses olhares abençoadores? e aquele que vem de longe, nos entrementes dos revezes, que é apenas e sobretudo um olhar que fulge e foge, que ressurge e torna a fugir: é o que há de melhor no mundo atribulado de tantos outros afazeres tacanhos?