segunda-feira, julho 09, 2007

NOTAS RÁPIDAS, RASTEIRAS E VOADEIRAS

- A voz das Coisas: “O belo é uma promessa de felicidade... Existem tantos estilos de beleza quantas visões de felicidade” – Sthendal, recentemente citado na revista VEJA. As matas ciliares são as catedrais góticas da natureza: exprimem um estado de espírito de quem, naturalmente, as projetaram e edificaram (as boas graças do bom gosto de Deus) e suscitam igual predisposição poética espiritual de quem (nós, seres vivos do planeta) se beneficiam ao vê-las e adentrá-las de corpo e alma. Cansado de tanto ver o mal surrando o bem nas disputas politiqueiras, nem opinei sobre o duelo momentoso do esgoto de nossa cidade ir para a competência da COPASA ou ficar na incompetência da Prefeitura. Graças a Deus que o bem saiu vencedor, assinalando a perspectiva de agora o Rio Itapecerica ser salvo da imundície que o inunda e nos atola, há décadas. Digo assim porque sinto que ao longo do tempo os melhores órgãos prestadores de serviços públicos, que cumprem religiosamente suas obrigações no município, são a COPASA e a CEMIG (quem se lembra de faltar água e/ou luz de forma constrangedora como geralmente faltam tanto nas outras incumbências dos outros poderes públicos?). Ao que tudo indica, pois, o Rio Itapecerica será finalmente salvo de sua prolongada agonia. 

- A um amigo que repelia certa dificuldade de leitura de meu romance “CANTAGALO – A Bacia das Almas”, de ação romanesca ambientada na antiga zona boêmia de Divinópolis, respondi que de caso pensado procuro sempre evitar nos meus trabalhos as estruturas padronizadas das narrativas calcadas de previsibilidades, exaustivamente repetidas e, por isso, infantilizadas à exaustão. Creio que a cultura, como um monte de informações imóveis, não interage onde é lançada, onde pode até ter cabimento, mas que ali fica isenta de seqüência e dinamismo. O possuidor e o promotor da cultura têm que saber processá-la, dar algo de si ao quinhão dela, se não como acréscimo, pelo menos como ilustração. 

- Ninguém me tira da cabeça que a palavra carnívoro não seja sinônima da palavra assassino. Só o urubu, que se alimenta de carniça, não mata para comer, não é mesmo? 

- Lendo o romance “SALAMBÔ”, de Flaubert, sinto-me como se estivesse passando dentro de uma floresta, sentindo a biodiversidade generosamente preenchendo as lacunas do chão e do ar, deixando transparecer aqui e ali as nesgas de céus mutáveis, coloridos de azul ou de verde, de brilhante ou de negrume, e também os escorregados altos e baixos das serras apinhadas de preciosidades, os rios repletos de peixes e de sereias, os caminhos ocupados de guerreiros apaziguados, de nativos saudáveis e bonitos. E depois como que chegando à cidade miraculosa, de mágicos tentáculos e de guirlandas sobrenaturais, atavios e prodígios de mobilidade –os arpões e fisgas e baionetas em jarros de begônias e madressilvas, a equipagem e os estandartes da ácida luta dos que dão mais do que recebem e mesmo assim reanimam a esperança de melhores dias. E no contraponto da faina, o lazer dos privilegiados com seus anéis dourados, seus eletrodomésticos automáticos, suas viaturas blindadas, sua luxúria sexual exibida a céu aberto. Como se o mundo fosse uma beleza e a vida uma felicidade. 

- Os últimos cinco anos são os piores da História do Brasil? Sei não, mas..., vou mencionar só um item das trapalhadas governamentais: o dos meios de transportes. O transtorno começou com o descaso pelas estradas de rodagem e o conseqüente aumento do índice de acidentes nos quatro cantos e no imenso miolo de nosso território. Primeiro a buraqueira, a descolagem asfáltica, o desleixo das sinalizações, as enfumaçadas fogueiras das margens: tantos anos de atropelos, dramas e tragédias, sem contar o stress das pessoas, o prejuízo na conservação dos veículos, a interdição das passagens, proibindo até mesmo o ir e vir das pessoas, isolando-as onde estão porque não podem mais se locomover como antes. Com isso o conceito e a imagem da existência dos sertões em toda parte voltaram, agora com o agravante de não mais existir a alternativa de viajar de trem de ferro ou de avião (aquele não existe mais, este está caindo aos pedaços). E depois vem a sobrecarga dos prejuízos emocionais e financeiros: não se pode mais visitar os amigos e parentes distanciados; fazer negócios, turismo e recreação, tudo ficou impossibilitado por causa de tanta dificuldade. E o pior é que ainda tem gente jactanciando com os dizeres mais descabidos, tipo “nunca neste país..., etc e tal”. Lembro-me que havia um humorista que gostava de dizer “me engana, que eu gosto”. E quem pode gostar de um quadro tão horrendo assim? Até parece aquele “o som e a fúria”, mote de Shakespeare usado por Faulkner no título de um de seus grandes e belos romances.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

glass reversible siris swati judges deesa saracen keys violator sander transitional
semelokertes marchimundui

5:23 AM  

Postar um comentário

<< Home