DUAS SAUDOSAS CANÇÕES E UM POEMA DE CIRCUNSTÂNCIA
A primeira, na interpretação de Francisco Alves, o Rei da Voz:
Ái doce amor
minha vida é um eterno sofrer.
Ái doce amor
eu preciso aprender a esquecer.
Tu censuras minha pressa
no fundo tu tens razão.
Quem ama guarda o relógio
e consulta o coração.
Ái doce amor
minha vida é um eterno sofrer.
Ái doce amor
eu preciso aprender a esquecer.
Que dia negro e sombrio
é o dia em que não te vejo.
Mas se vens em noite escura,
vejo o dia no teu beijo.
Ái doce amor.......
A segunda, na interpretação de Silvio Caldas, o Caboclinho Querido:
Ái ai-ái, você de mim não tem dó!
Ái ai-ái, não vês que eu vivo tão só?
Por onde anda o corpo da gente
a sombra vai pelo chão.
Assim também é a saudade,
a sombra do coração.
Ái ai-ái, você de mim não tem dó!
Ái ai-ái, não vês que eu vivo tão só?
A nossa vida não passa
de um grande lago sereno:
Por cima esplendor e graça,
por baixo lodo e veneno.
Ái ai-ái, você de mim não tem dó!...
POEMA DE CIRCUNSTÂNCIA
A dormir vivo a sonhar dubiedades
a inventar coisas e lugares e pessoas
completamente inexistentes em meus espaços e tempos
conhecidos.
O esquisito é que sou a mesma pessoa
que está em num lugar inexistente.
Não sei como posso ter a capacidade de inventar
pessoas e lugares, ocasiões e situações
descabidas,
fora do contexto de meu ser descontente e razoável.
Sempre no meio das coisas, lugares e pessoas
estranhas às minhas origens, aos meus destinos.
Sempre acordo apavorado
estranhando-me momentaneamente.
Sou acaso portador de um estranho passado,
que se posta adiante, no sono fugaz?
Atônito nas memórias e nas previsões,
custo reconciliar o sono
sem adentrar-me novamente nos lugares inventados.
Toda noite é assim
Todo sono é assim
repleto de sonhos irreais.
1 Comments:
Lindíssimo poema, Lázaro. Realmente o poeta é o eu-seu inexistente que se pega, se toca, resiste, e insiste em inventar coisas, lugares e pessoas inexistentes, mas que no seguido dele, existem sim! Só não tem roupa nem rompas... abs
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