O TRICÔ DE INÊS BELÉM BARRETO
Homenagem de Osvaldo André de Mello – Divinópolis, fevereiro de 2004.
Sapatinhos de lã
A um recém-nascido.
Jogo de carinho
Feito de olhos abertos-fechados
Para quem existe e não é visto.
A sabedoria: urdir
Um par de tais sapatos ponto a ponto
Prontos como se fossem próteses.
O visível mostra o lugar do invisível.
A decisão de cada linha que conduz a cor.
Malha adentro ao termo de um desenho.
Pés quentes, cabeça fria.
A invenção, a galope.
O espírito cavalga o céu.
Cada ponto é uma palavra
De espanto que repousa no ar
e espreita a laçada final.
“O arremate da obra”:
Os sapatinhos de lã
Pisem caminho de luz.
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