sexta-feira, julho 11, 2008

O TRICÔ DE INÊS BELÉM BARRETO

Homenagem de Osvaldo André de Mello – Divinópolis, fevereiro de 2004. 

Sapatinhos de lã 
A um recém-nascido. 
Jogo de carinho 
Feito de olhos abertos-fechados 
Para quem existe e não é visto. 
A sabedoria: urdir 
Um par de tais sapatos ponto a ponto 
Prontos como se fossem próteses. 
O visível mostra o lugar do invisível. 
A decisão de cada linha que conduz a cor. 
Malha adentro ao termo de um desenho. 
Pés quentes, cabeça fria. 
A invenção, a galope. 
O espírito cavalga o céu. 
Cada ponto é uma palavra 
De espanto que repousa no ar 
e espreita a laçada final. 
 “O arremate da obra”: 
Os sapatinhos de lã 
Pisem caminho de luz.