sábado, julho 12, 2008

O TURBILHÃO ATMOSFÉRICO

Se você reparar bem vai notar que na solidão, o silêncio é muito barulhento. Infinitos grilos das lonjuras empilham seus arroubos uníssonos, perfuram as paredes de sua casa, adentram seus ouvidos passivos, gritam musicalmente na monotonia, na mesma laboriosa tonalidade das esferas, que rodeiam e alcançam as latitudes e longitudes na manhã estival da noite profunda que nos submerge e nos arrebata dos abismos às superfícies. Quando você desacorda da complascência do sono reparador, das neuroses cansativas do dia anterior, ainda fechado entre quatro paredes, deitado no relaxamento de si mesmo e dos outros, isolado no patamar da manhã dominical: você escuta o som das lonjuras nos ritmados ecos da ressonância universal, assim mesmo, de leve, o turbilhão incessante das esferas planetárias, a trocar sono exangue pela lucidez medíocre, ali mesmo no resguardo de nosso cantinho individual, no patamar da renovada manhã, de cada ninho residencial da humanidade ignorante das recônditas significações das sinfonias dos confins, assim unidas na mesma audição do mesmo recital mundial de tanta mansuetude inaproveitada.