sábado, janeiro 17, 2009

NOSSA FAMÍLIA

Os sabores aparentados nos apetites e paladares 
As interações, correlações, ilações, conotações 
As coisas e seres que lembram outras e outros 
(Umas e uns mais que as outras e outros?) 
É só ver a moça no alpendre ou na janela e alinhá-la 
Na estirpe dos guimarães, no estilo dos souzas 
E reportar às menções fenícias, enredá-las 
Nos traços e gestos e modos de sorrir e de olhar 
E remontar aos meneios e obliqüidades e dissimulações 
Das concebidas sem pecado original 
Das sertanejas do norte de minas 
das escoladas do sul de minas 
das citadinas de todos os lugares brasileiros. 

É só ver os olhos aproximando dos olhos 
Rever o rosto e imaginar o resto do corpo 
As pontas delgadas das africanas 
A cútis ensolarada das iracemas 
As tácitas afinidades de longe sentidas 
Os apreciados versos da poesia oral 
Os tipos de cascas e de folhas e de fraturas 
Identificáveis da raiz ao cerne à ponta 
(Da árvore genealógica) 
Logo catalogadas nos blocos da consangüinidade 
Depois ouvir as melodias, sentir as aparições 
A delícia de lamber os próprios lábios 
Coagular 
A reciprocidade da saudação da súbita benquerência 
Constatar 
Que estamos em casa na tradução do vernáculo 
No mosaico genético das deambulações 
No telúrico e anímico e onírico 
Mapa das identificações sementais e ovulares 
Das legítimas e naturais confraternizações saudações, 
Cordiais saudações, e 
Sensuais.

1 Comments:

Blogger Lazaro said...

O autor do texto, Lázaro Barreto, tem a dizear que houve um erro no final do poema, onde a palavra "saudações" aparece duas vezes, sendo que a segunda grafia deve ser eliminada, ficando o triptico final com a seguinte redação:
Cordiais
e
Sensuais.

11:28 AM  

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