AGOURO
O deserto é a morte em figura de gelo e de areia. De longe me espreita, ameaçador. Acaba de dar dois passos na minha direção? Vai esturricar-me ao sol mais próximo? Enregelar-me ao frio mais longe? Sei que o gelo (mesmo sendo uma das mortes) vai morrer primeiro (e não por suicídio). A areia, mais potente, vem ocupando o espaço da relva. Vem aproximando da vida fértil, com as foices faiscantes da esterelização. A sola de meus pés já sentem o calor da consumição. Está morta a égua, diz o capiau da roça, abismado no corredor dos novos dispositivos mortais. Doa em quem doer. É assim mesmo que caminha a humanidade aos trancos e barrancos.
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