sábado, julho 18, 2009

A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA (*)

A Humanidade? A humanidade é uma porcaria perigosa que dizima tudo em torno de si mesma. A Natureza? A natureza não pergunta de onde você vem, nem qual religião professa. Foi ela que uma vez salvou-me do suicídio. Por que os brasileiros destroem as florestas? Gostam de ver um mínimo pedaço de carvão onde antes esplendia uma pitangueira? Sou sim um revoltado, não aceito a luta do homem contra o homem. Nem mesmo consigo viver com outra pessoa além de um, dois, três meses. Nada no mundo é pior do que a vida urbana, onde ligamos a televisão para saber das coisas, para destemperar ainda mais a nossa existência. O ambiente artístico é medíocre, provinciano. Como é ser um artista brasileiro? Como é? É viver sem diálogo, incompreendido, na solidão? O Brasil não foi descoberto, sei que foi invadido. Sei que aqui existia um povo que a invasão desbaratou e extinguiu. Jamais serei feliz aqui, aqui ou em qualquer outra parte do mundo. Só vejo em toda parte a destruição da natureza aumentar e aumentar... A natureza que é a força da vida. 

 (*) Escrito depois de ler a reportagem de Mário Sergio Conti, “Entrevistas Históricas”, no Caderno “mais!” da Folha de São Paulo de 10/02/2002, sobre alguns pontos de vista do escultor polonês Franz Krajcberg, naturalizado brasileiro desde 1950, que então vivia numa casa em cima de uma árvore num mangue de Nova Viçosa, litoral do sul do estado da Bahia.