PARÁFRASE DE UM POEMA DE JILL HOFFMAN
É no sonho que ouço o chamado (o grito simbólico de meu nome). Num instante pulo da cama em silêncio, para não acordar o marido que ressona. Encontro o chamador no quarto contíguo. E agarrados formamos outro casal na escassa luz da madrugada. Sua boca voraz me esvazia e me enche. Como é bom ficarmos assim na cama, o longo tempo a brilhar nos espaços. As gotas de leite escorrem no seu rosto, o meu corpo boceja e flui na entrega. Novamente a dormir no paraíso (na área vívida das pétalas momentâneas), ele já dispensa minha companhia. Então levanto-me diante da outra porta, retorno ao meu ninho anterior, para reaquecer-me no corpo de meu outro homem, acordado, mesmo dormindo.
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