quinta-feira, julho 01, 2010

CONSTATAÇÕES ESPONTÂNEAS

Que Copa do Mundo de futebol mais desgracioso, mirrado, catimbado, contundente. Toda preenchida em campos infestados de buzinaço irritante e de jogadores botineiros, ineptos, peladeiros. Algumas exceções num quadro tão deplorável? Ah, sim, alguns jogadores das seleções da Alemanha, da Inglaterra, da Espanha, da Holanda, da Argentina e de Portugal. Na do Brasil o descrédito do tal de “futebol de resultados” (afinal o jogo é de víspora ou de baralho?) do tal de Dunga, é de espicaçar a paciência. Estou escrevendo antes dos prélios finais, para falar do que vi e não gostei de quase todos os jogos que acompanhei pela TV. A nossa seleção (nossa?) enxovalhou o renome das anteriores que tanto brilharam em outras temporadas arrebatadoras. Com excessão de Lúcio e Maicon (e de quem mais?), o time pisou na bola o e nos pés dos adversários o tempo todo (os árbitros nem sabiam se os jogos eram de futebol ou de luta livre?). Como aficcionado da arte esportiva, senti muita saudade dos craques de um passado ainda recente, que cito de memória (e nela vendo-os jogar): Raul, Danilo, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Jairzinho, Garrincha, Nilton Santos, Pelé, Tostão, Djalma Santos, Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Quarentinha, Gerson, Rivelino, Sócrates, Didi, Ronaldo (o fenômeno) e Ronaldinho Gaúcho. Futebol de classe refinada para todos os torcedores do Brasil e do Mundo. Com eles, sim, uma Copa do Mundo era um espetáculo grandioso. - Um amigo passou-me o dito de T. S. Eliot, que eu desconhecia e que agora tenho o prazer de repassar: “das arengas que tenho com as outras pessoas, faço prosa: das que tenho comigo mesmo, faço poesia.”. - Os casos de desvio de verbas públicas, no Brasil, caíram na rotina de tal maneira que ninguém espinafra mais, ninguém contesta, ninguém se importa. É a banalização da criminalidade. Cruz credo! - Às vezes fico pensando como seria bom e alegre, respirável e tranqüilizante, se conseguíssemos livrar-nos da praga lulista que assola o país. Confiávamos na chapa eleitoral Aécio-Serra ou Serra-Aécio – mas parece que o boi foi embora com a corda e tudo, como se diz. Ficamos agora na dúvida. Até quando teremos que suportar os desmandos, os desvios de verbas, os maus exemplos que vêm de cima? Deus, se existe, conforme rezam os beatos, não pode será brasileiro, nem ver. - Tsunami no Nordeste. Em Alagoas 20.000 imóveis e 50 pontes foram destruídos. Em Pernambuco, foram 11.400 casas e 79 pontes. Os prejuízos com infra-estrutura são estimados em 1,5 bilhão de reais. 51 mortes, 76 desaparecidos, 155.000 desabrigados, 87 cidades em Alagoas e Pernambuco devastadas. Por que tudo isso aconteceu? A imprensa não tutelada pelo governo declara logo que a culpa é do descaso do poder público. São obras que não resultaram em votos eleitorais a favor dos façanhudos políticos regionais e federais. Só na cidade de Catende, Pernambuco, 100.000 pessoas perderam o emprego de uma hora para a outra. Na realista reportagem da revista VEJA (30/06/2010) consta que “pode-se afirmar sem receio de contestação que o governo federal nada fez para evitar,ou ao menos, mitigar o sofrimento por que hoje passam pernambucanos e alagoanos”. E tome Dilma como purgativo.... - “Um evento de bioterrorismo fará um milhão de vítimas em 2020.... Com o avanço da biotecnologia haverá milhões de pessoas capazes de causar uma catástrofe biológica, - e não falo de apenas grupos terroristas organizados, mas de idiotas individuais com a mentalidade dessas pessoas que hoje produzem vírus de computador” – assim assegura Martin Rees, professor de Cosmologia e Astrofísica da Universidade de Cambridge.... Mais adiante, na entrevista ao jornal “Estado de São Paulo”, de 07/030/2010, ele fala da vida pós-humana, que poderá “ser maravilhosa – e tão diferente de nós como somos de um inseto”. Assim ele diz, lembrando que o sol não está nem na metade de sua existência e, por este motivo, cabe prever que ainda temos 5 bilhões de anos pela frente, para uma evolução pós-humana. - Indagado outro dia sobre os meus antecedentes autodidáticos na área das ciências sociais do meu curso no INESP, respondi que, filho de um pai muito culto, que lia obras em francês e latim, comecei muito cedo na vida a ler as obras dos clássicos, dos românticos, dos realistas, dos parnasianos e depois, na juventude, a ler e assimilar os modernistas, os surrealistas, os concretistas, deixando-me influenciar pelas imagens e conceitos das obras de Dostoievski, Dante, Cervantes, Camões, Machado de Assis e depois, na idade adulta, enfronhar-me nas sucessivas gerações da melhor literatura (brasileira e estrangeira): Drummond, Murilo Mendes, Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Graciliano Ramos, Emilio Moura, Murilo Rubião, Clarice Lispector, Kafka, Guimarães Rosa, Faulkner, Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Proust, Gide, Garcia Lorca Thomas Mann, Mario de Andrade e tantos Outros. E como não ficasse satisfeito apenas com o encontro de duas almas da literatura, enveredei-me pelos recantos dos estudos sociais – e logo percebi que tudo faz parte da vida. Ainda bem, ora pois.