OUTRO BANHO DE CIVILIZAÇÃO
Bienal e Centenário. Na última temporada (de quase 30 dias) passada na cidade de São Paulo, tomei mais um proveitoso banho de civilização, visitando três vezes a 29ª. Bienal que “posiciona a cidade como um dos grandes pólos mundiais de arte contemporânea, gerando riqueza, progresso e benefícios materiais e simbólicos para todos” – conforme palavras do Presidente da Bienal, Heitor Martins. No catálogo de apresentação o Curador enfatiza a importância da promoção que “oferece exemplos de como a arte tece, entranhada nela mesma, uma política”, mediante sua “presença profunda e diversa onde há sempre um copo de mar para um homem navegar”. Estive lá três vezes, colecionando visões e conceitos criados e apresentados por centenas de artífices obscuros e consagrados, através de painéis estáticos e dinâmicos, desafiando a absorção, a perspicácia e o entretenimento de um público numeroso e sequioso no decorrer de quase três meses de festa cultural no Parque Ibirapuera. Movido pelo entusiasmo das visitas à Bienal, aproveito para sugerir ao poder público municipal de Divinópolis uma mega exposição em módulos representativos da realidade histórica ao ensejo das anunciadas celebrações do Centenário da emancipação política. Seria interessante, não? Mostrar cuidadosamente as referências do paisagismo rural e urbano, histórico e contemporâneo, através da projeção de slides e de reportagens e documentários sobre a terra e o povo. E no apêndice da generalização exibir em grande e belo estilo uma exposição de referências ilustrativas das obras de artistas e intelectuais da terra, de reconhecido gabarito. Posso, daqui, sugerir os nomes de GTO, Petrônio Bax, Jadir João Egídio, Mário Teles, JFO, Hevecus, Heraldo Alvim. Celeste Brandão, Sebastião Gontijo, Sebastião Milagre, Jadir Vilela, Osvaldo André de Melo, Fernando Teixeira, Mercemiro de Oliveira, Adélia Prado, Mauro Corgozinho, Túlio Mourão, Heber Alvim, Kico Lara, Iara Ferreira Etto, Pedro Pires Bessa, Frei Bernardino, José Arimateia Mourão, Jeanne France, Antônio Franco, João Augusto Dias, Lindolfo Fagundes, José Dias Lara, Gentil Ursino do Vale, Eneida Gomes Flor, Marlene Moreira, Rosenwald Hudson, Camilo Lara, Octávio Paiva, Carlos Antônio Lopes, Dieter Droos, Carlos Altivo e muitos outros. Água na Oca. Num dos quadros espetaculares(dinâmicos) da OCA, outra mega exposição quase ao lado da Bienal, no Parque Ibirapuera, está escrito em letras maiúsculas: “Ao longo da vida o brasileiro necessita de 100 milhões e 813 litros de água (para viver) – o equivalente a 40 piscinas olímpicas cheias até as bordas”. No local deparamos com a Advertência, que copiamos para aqui transcrever: “Todas as idéias expostas, todas as conclusões, são tentativas para atingir uma suposta verdade. Algumas das exposições se apresentam de uma maneira aparentemente exagerada – é uma ampliação da vida normal, uma espécie de visão microscópica da vida anímica, fenômeno ilusório e imperceptível a olho nu”. Uma festa de ÁGUA em todos os sentidos imagináveis em múltiplos espaços dinâmicos para o deleite, absorção e participação das crianças e também dos adultos. Um congraçamento inexplicável, por assim dizer. Para se ter uma idéia da magnitude do espetáculo é preciso percorrer os vários locais e pavimentos para ver e sentir “a profunda relação da água com o imaginário humano”. Passávamos até sem sentir de um núcleo para o outro, fascinados pela plasticidade, propriedades estéticas, o mergulho óptico no posto mais aprofundado do oceano ao lado da indelével exemplificação da importância da água como determinante dos fenômenos climáticos, como geradora de energia elétrica, fonte de vida e de purificação. “Um convite a explorar a relação entre a água e a vida , sua distribuição no globo, seus problemas – dramas das enchentes, a poluição e o desmatamento causados pela irresponsabilidade humana – e potencialidades. A Responsabilidade do Poder Político. Sabe-se que 2010 é o ano mais quente desde que começaram os registros, há 131 anos. Em Cancum, México, reúnem-se representantes de 194 países com a finalidade de chegar a um acordo solucionador para domar a inclemência do clima planetário. A reunião de Kyoto em 1997, não mereceu nenhuma atenção dos países mandatários da maior parte material do planeta. Sem a diminuição da poluição e da produção de quinquilharias que infestam as fábricas e lojas e lixeiras (como se o ser humano não fosse apenas um inquilino, mas sim o dono da terra e do sistema solar – no dizer de José Eustáquio Diniz Alves). Na verdade “já ultrapassamos a capacidade de regeneração do planeta”, ele acrescenta.Estamos caminhando para o deserto, concluimos. Ver mais sobre o assunto no número especial da revista VEJA sobre a SUSTENTABILIDADE.
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