ANOTAÇÕES ESPORÁDICAS
Reclamação. As pessoas reclamam, inutilmente, da morosidade dos ônibus coletivos da cidade, que percorrem as linhas nas direções da Rodoviária e do Hospital São João de Deus. Antes de chegar aos destinos os veículos dão enormes voltas nos bairros, como se prestassem um serviço turístico e não de primeira necessidade, como são os casos das pessoas com horários marcados para viajar e/ou para tratar da saúde. Reclamar não adianta, mas aceitar calado é pior. A Farra Política. Creio que toda pessoa lúcida que acompanha o desenrolar da vida social brasileira sabe que a significação atual de um Partido Político não quer dizer nada de louvável. Virou uma mixórdia. O pessoal envolvido perdeu a compostura, atolando-se nas peripécias dos descaminhos arrivistas. Tanto que o cientista político Roberto Romano chega dizer que “o Congresso abriu mão de uma de suas funções primordiais, que é a de fiscalizar o Executivo....Os deputados só querem verbas”. E todo o desastre nacional não fica só nisso. As verbas votadas pelos congressistas são muletas de campanha eleitoral. Depois de eleitos e empossados vão todos aos potes da gastança em obras superfaturadas. Por mal dos pecados está acontecendo, agora mesmo, que o fundo monetário do governo é insuficiente para cobrir os gastos prometidos. Aí então surge o fenômeno do corte das verbas no orçamento. É só raciocinar para saber que a verba que elegeu tanta gente não existia, era apenas uma promessa eleitoral. O cúmulo da safadeza, não? E além desse desplante, vem lá dos cafundós o tal de Lula contratando palestras para os empresários desonestos – que mais querem é mamar nas tetas da mãe-pátria, a preço exorbitante, que os interessados pagam ao palestrante de arremedo, sabendo de antemão que o tal palestrante (?) vai intermediar o superfaturamento dos gastos junto à comprometida pupila. Assim caminha nossa pobre nacionalidade. Ateu ou Agnóstico? A Criação descrita no Gênesis: “pode ser”, como Karen Armstrong presume, “uma narrativa alegórica”. O que ela afirma, segundo as palavras de Jerônimo Teixeira (articulista da VEJA) é que “o impulso religioso sempre acompanhou a humanidade, dando forma a seus anseios por beleza, bondade, transcendência. E assim a religião constitui um patrimônio simbólico que não pode ser descartado”. Ou seja: o ser humano entra em pânico toda vez que perde o apoio, não suporta a solidão de arcar com toda a imensidão mundial que o rodeia. O verdadeiro ateu tem que ser um poeta assumido, munido das chaves da inteligência e da sensibilidade, da coragem de enfrentar e conviver com as surpresas da poesia que o rodeia para saber se ele é forte o suficiente para agüentar os arrancos e apelos da inspiração e da respiração. Só assim qualquer pessoa poderá exercer um ateísmo convicto, sadio e destemido, ou seja, o agnosticismo consciente e exeqüível. Thomas Hobbes, no livro “Leviatã”, assegura que “o medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião”. As Duas Faces do Apetite. O Estômago. A Libido. O primeiro visa o alimento biológico do corpo, o segundo prefere (psicologicamente?) a inteireza corporal do sexo oposto, em ânsias anímicas e não meramente físicas. O corpo inteiro da pessoa amada atrai, instiga o desejo. A materialidade aí é mais abstrata do que concreta, se assim posso dizer. É uma espécie de halo, estalo, uma premonição. Mais subentendido do que demonstrado em relação ao apetite meramente estomacal. A cozinha e o quarto; a mesa e a cama. O corpo, no amor sexual é, ao mesmo tempo, alma. Paisagismo Bucólico. Os dois lados ao longo da rodovia Divinópolis-Belo Horizonte, vistos das janelas dos ônibus, são aprazíveis, mormente no trecho que abrange os municípios de Itaúna, Azurita e Mateus Leme. Uma beleza. O paisagismo descortinado oferece visões realmente espetaculares, quase paradisíacas, nesta época do ano. A sucessão das serras e morros e baixadas sob a verdejante vestimenta das relvas e arvoredos nos campos e florestas ecologicamente bem tratados. É um alívio para os olhos cansados de tanta poluição ambiental de nossa diuturna vivência urbana. Ali e nos arredores não se vê a mínima erosão nos roçados, nas pastagens, nas grotas e matas fechadas, que sobem e descem graciosamente os relevos do terreno, formando as, por assim dizer, serras das boas esperanças da conservação de uma miraculosa beleza da saúde vegetal, assim exposta publicamente.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home