terça-feira, março 15, 2011

TROVINHAS POPULARES SIGNIFICATIVAS E PITORESCAS

Compilação de Lázaro Barreto. 

Cravo branco na janela é sinal de casamento. Tira o branco e põe o roxo, pra casar tem muito tempo. Fui ao mar buscar laranja, fruta que o mar não tem. Vim de lá todo molhado. O tatu é bicho manso, nunca mordeu em ninguém. Mesmo que queira morder, o tatu dente não tem. Sete e sete são catorze. Com mais sete, vinte e um. Todo mundo tem seu bem, só eu não tenho nenhum. Quem tem amor não dorme nem de noite nem de dia. Fica revirando na cama, igual peixe na água fria. Você diz que bala mata. Bala não mata ninguém. As bala que mais me matam são as dos olhos de meu bem. Coloquei meu pé no estribo, meu cavalo estremeceu. Adeus você vocês que ficam, quem vai embora sou eu. Joguei meu chapéu pra cima, pra ver onde ele caia. Caiu no colo da moça: isso mesmo que eu queria. Marmelo é fruta gostosa, que dá na ponta da vara. Mulher que chora por homem, não tem vergonha na cara. Quando eu era galo novo, comia milho na mão. Agora que sou galo velho, bato com o bico no chão. Batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão. Mamãezinha quando me beija, põe a mão no coração. Sexta-feira faz um ano que meu coração fechou. Quem morava dentro dele, tirou a chave e levou. Do amor nasce o olhar. Dão olhar, uma paixão. Do sorriso, uma saudade que não sai do coração. Deus vos salve casa santa, onde Ele fez a morada, onde mora o cálice bento e a hóstia consagrada. Rosa branca se soubesse o cheiro que a roxa tem, ficava no sol e no sereno para ficar roxa também. Cachaça é moça branca, filha de um homem trigueiro. Quem contrair amor por ela, nunca vai juntar dinheiro. Fui andando num caminho. Santo Antônio me chamou: se um santo chama a gente, que dirá um pecador? No lugar onde eu canto todos tiram o chapéu. Cada repente que eu tiro corre uma estrela no céu. Amor de perto é querido, de longe é mais estimado. De perto dá-me um alívio, de longe muito cuidado. A mulher quando desanda a falar da vida alheia, começa na lua nova e só termina na lua cheia. Você de lá e eu de cá, o ribeirão passa no meio. Você de lá dá um suspiro, eu de cá, suspiro e meio. A garça pôs o pé na água, lá ficou quarenta dias. eu longe de meu benzinho, não aguento nem um dia. Em cima daquele morro tem um pé de maravilha. Eu converso com a mãe, mas meu sentido está na filha. Lá no alto daquele morro passa boi, passa boiada. Também passa a moreninha, com seu cabelo cacheado.

2 Comments:

Blogger josé roberto balestra said...

Quanta lindeza e singeleza numa dose só, meu amigo Lázaro? 'Dorei. abs

10:34 AM  
Blogger josé roberto balestra said...

Relendo sua compilação, Lázaro, entendi a segunda trova, mas resolvi ousar. Ei-la a meu modo:

"Fui ao mar buscar laranja,
fruta que o mar não tem.
Vim de lá todo molhado,
[Mas me sentindo tão bem.

Meu amor não foi achado
Vi que o mar não é uma canja
Deixei isso pro passado
E caí fora dessa banja.]

abs BOM FINAL DE DOMINGO!

4:50 PM  

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