domingo, março 27, 2011

CATAGUASES E UBERABA

Os Verdes e os Maduros. Aclamado pela crítica como o principal herdeiro da fortuna literária dos notáveis participantes (Rosário Fusco, Francisco Inácio Peixoto, Ascânio Lopes, Guilhermino César) da famosa geração VERDE de Cataguases (uma ressonância interiorana ao nível das fontes principais de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), o poeta e ensaista Joaquim Branco prima não só pela qualidade do trabalho de acréscimo aos dotes da poesia discursiva e visual dos autores mais renomados como também pela manutenção do culto vanguardista através de sucessivos de outros estudos e publicações. É assim que posso dizer, com toda certeza e validade, que o Movimento VERDE não parou nem pode parar, uma vez que participa da fé e do ofício poéticos, que são eternos no calendário universal da criatividade humana. Com o novo livro que agora publica,” TOTEM e as Vanguardas dos Anos 1960/70”, Joaquim Branco (joaquimb@gmail.com) reconhece e esclarece o desafio que o grupo enfrentou de entrar no trem da história, não simplesmente para viajar e deleitar, mas para aprender e ensinar as novidades que chegam e que não podem passar em branco, impunemente. É preciso, sempre, ao acolhê-las, animá-las e enriquecê-las? Esse é o agravante que normalmente acontece ao amante das belas artes em sua solidão pelo mundo afora. E é da solidão, não raramente, que nascem as belas flores e os frutos mais sadios. Mais ainda quando a recepção das mensagens explícitas e implícitas no trem dinâmico dos novos tempos são acolhidas, assimiladas e enriquecidas por um grupo afinado na cadência de uma forma e de um conteúdo que identificam um sinal nesse tempo, válido como referência histórica. A propósito transcrevo da página 29 trecho de uma carta do grande poeta Dantas Motta: “...visam vocês reeditar a façanha dos antigos rapazes da VERDE. O tempo é propício para tal. As formas vão indo, ficam gastas e a gente se acostuma com certos conceitos, certas frases, certas palavras. Então se vê que há necessidade de um novo sopro, de uma nova viração”. O Filme Dramático Europeu – Uma Análise de Crítica Cinematográfica de Guido Bilharinho, Diretor do Instituto Triangulino de Cultura – Uberaba, MG. Crítica rigorosa, em linguagem técnica, de quem realmente conhece os princípios, meios e fins da realidade fílmica em sua expansiva generalidade. É uma leitura bem difícil, mormente para quem, como eu, um cinéfilo declarado, devotado e satisfeito na experiência apreciativa ao longo dos anos. Sob esse crivo perfeccionista, Guido Bilharinho, em exímias palhetadas desmonta e analisa rigorosamente as engrenagens produtivas de dezenas de filmes famosos (e não necessariamente obras-primas) do cinema europeu nas décadas de 30 até às de 80 do século 20. Na relação constam obras de renomados autores (que aprendi a admirar em minha longa faina cinéfila): Jean Cocteau, René Clair, Jean Renoir, Jacques Becquer, Max Ophuls, Claude Antant-Lara (autor do antológico filme com Gerard Phillipe – um dos poucos atores-criadores do cinema – e Micheline Presle - erroneamente traduzido com o nome de “Adúltera”, quando o titulo em francês queria dizer “O Diabo no Corpo”), Alain Resnais, Jaques Tati, Giuseppe de Santis, Roberto Rosselini, Luchino Visconti, Vittorio de Sica, Federico Fellini, Bernardo Bertoluci, Ettore Scola, Carlos Saura, Pedro Almodóvar, David Lean, Carol Reed, Akira Kurosawa, Fritz Lang,, Win Enders, Michel Cacoyannis, Jean Vigo, Claude Chabrol, Costa Gravas, etc, etc. Cito parte da numerosa prole dos melhores cineastas do referido período, pesaroso por não citar os filmes resumidamente analisados pelo perspicaz Guido, realmente um cinéfilo de mão cheia, mente perscrutadora e coração afeiçoado às belezas e verdades da sétima arte. Como cinéfilo, leitor e admirador de Guido Bilharinho, aqui fico desejando que ele faça uma nova pesquisa e escreva um novo livro comentando os melhores filmes de Holliwood, produzidos no mesmo período (décadas de 30 até a de 80). Ninguém melhor do que ele para empenhar-se em tal empreitada. Bem haja, pois.