quarta-feira, abril 26, 2006

Paráfrase de citações autobiográficas de Edgar Allan Poe. 

Menino diferente que eu era não conseguia ver as coisas como os outros viam, não podia tirar minhas paixões das fontes que os outros meninos tiravam as deles. Era outra a origem de minha tristeza, outro era o canto que jamais destrancaria dos porões e sótãos de minha penitência. Os passados sofrimentos não passaram, não passam, não passarão!, estão sempre nas próximas moitas. O que amei, amei sozinho. A carga de sofrimento que carregava só podia ser descarregada na sepultura? Assim na infância e na juventude (e na maturidade que nunca veio) ergueu-se no bem e no mal dos abismos o cadeado de mistérios, que um dia abrirá, apesar dos pesares, libertando esta pessoa, em forma de nuvem que ainda só e só e mais só se alteará no amplo azul, como um demônio a revelar que mesmo depois da morte minha alma estará dentro de mim nos tristes e solenes sonos junto aos vermes – e antes que o pó ao pó retorne o túmulo será meu lar – e as horas corrosivas serão minhas compungidas companheiras.