PALMAS PARA A DOR E A TRISTEZA?
Adendo para minha coluna do jornal MAGAZINE, Divinópolis, MG.
Os últimos dias da vida brasileira estão indelevelmente marcados pela constrangedora contradição, descaradamente explícita no primeiro plano do cenário nacional, em termos de comunicação pública e notória. Enquanto uma parte da população chora a morte cruel de centenas de cidadãos, outra parte pede licença à própria consciência para aplaudir o sucesso dos esportistas brasileiros no momentoso torneio pan-americano. Fica claro, no entanto, que a dor e a tristeza da miséria política ofuscam a alegria e o entusiasmo da riqueza esportiva dos atletas e torcedores, que, no entanto, são vítimas também, do mesmo desmando político. Seria até mais lógico se o próprio PAN confirmasse a apoteótica vaia (acontecida na noite da inauguração) da insatisfação popular através de um gesto bem à altura da tragédia aérea: a interrupção definitiva do torneio, em protesto à criminalidade impune que hoje impera no país, vergonhosamente.
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