terça-feira, outubro 30, 2007

É O APOCALIPSE QUE BATE À PORTA?

Não, não é um dos contos de meu livro inédito, que versa sobre o mesmo tema. O que aqui alinho são notas que tentam mostrar que hoje, no Brasil, os absurdos sociais são tão comuns que chegam a desmoralizar a própria denominação. Políticos safados e corruptos são regra geral e não exceção como antes eram e que hoje ainda deveriam ser. Ainda agora, no escândalo do envenenamento do leite em quase todo o país (a virose que campeia na cidade não seria, também, uma conseqüência?), decidiu-se que em vez da ida de um fiscal ao local da produção dos alimentos, terão que ir três de uma vez, isso para diminuir o risco da fraude comprada e consentida. E ai fica a dúvida: quem garante que quem suborna um não subornará três? Parece que a perda de juízo, que antes era uma concessão que os desonestos genéticos se davam, hoje contamina, indistintamente, todas as classes sociais brasileiras, tendo como maestro condutor a própria cúpula governamental em todos os escalões, assim tão rasteiramente irmanados. Aumentar o prazo de validade dos alimentos através de soda cáustica (sic! argh!): era só o que faltava! A hedionda figura do ladrão mais infame e desumano (o do filme noir, execrado pela platéia de cinéfilos) está, hoje, colada ao homem comum da sociedade brasileira, com o passivo consentimento dos próprios amigos, parentes e da população? Era só o que faltava para irromper o clima apocalíptico do clamor dos inocentes (minoritários) e o ranger dos dentes dos culpados (majoritários). E ai estão as respostas da Natureza aos incêndios (provocados, ao que tudo indica, apenas para substituir ou anular o custo da mão de obra de um operário pela gratuidade de um pau de fósforo sob o veneno químico esparramado na vegetação. E a legislação, como fica no meio desse caos? Fica inerte, sofrendo o peso da culpa. Se hoje o pequeno agricultor não consegue o roceiro para cultivar suas terras, o que faz? Taca fogo nelas! E por que não consegue o trabalho do roceiro? Porque não encontra quem queira trabalhar sem a cobertura da lei trabalhista (e o aval terrorista do tal de mst) que a legislação impõe. É claro que a legislação é justa e necessária. Mas carecia de uma adaptação, para ser plenamente funcional. Fica, pois, o ponto de interrogação e a reticência, para preencher as brechas e corrigir os erros. Ou para alarmar ainda mais a paranóia vigente. Se o comunismo caiu de podre, o capitalismo, que sempre foi podre, está, agora, exagerando. A criança e o jovem, na falta de onde estudar e de onde trabalhar, submetem-se ao tacão do crime organizado; os adultos, na falta do que melhor fazer, submetem-se aos cantos de sereias do mesmo crime organizado - que começa, como a mídia está cansada de denunciar, na própria cúpula governamental, passa nos gabinetes dos prepostos e dos financistas e transige com seus visgos e esparrelhas da porca-miséria moral e física para assolar uma nacionalidade cada vez mais desmiolada. Haja Deus, pois. Os estudiosos da chegada (para ficar mesmo?) da chamada Sociedade Industrial, que reforçou o capitalismo, expurgando dele tantos vícios feudais, sentiram a inevitabilidade do componente publicitário no sucesso ideológico-pragmático da nova modernidade de controle dos seres humanos na ciranda planetária. Herbert Marcuse e tantos outros reforçaram a noção (hoje axiomática) de que a imagem vale mais do que a verdade, - e que a mensagem é que fica na mentalidade do consumidor (espúrio nome dados aos diluidores e detratores dos bens naturais em extinção), e que é nela (mensagem) que a classe dirigente tinha que investir. O resultado está bem aí ao alcance do entendimento de Deus e de Todo Mundo: a humanidade como barata tonta diante da reação, inegavelmente pré-apocalíptica da Natureza. Haja Deus, repetimos.