quinta-feira, fevereiro 04, 2010

RETICÊNCIAS...

UM NOVO LIVRO NA PRAÇA. - Carlos Antônio Lopes Corrêa está abrilhantando o cenário literário da cidade com seu livro LÍNGUA BIFURKISTA –GREEC Publicações, Divinópolis : treze poemas e um enigma em edição caprichada no aspecto e na criatividade . Trabalhando na área da arte em geral, mais a favor dos outros, incentivando, ajudando, inspirando, ativando a plêiade de novos e velhos autores, ele cuida mais da obra dos outros do que da que, em silêncio, murmura a própria lavra em doses minguadas e salutares. Um perfeito amigo dos amigos, o produtor cultural sem custeio e sem cobrança. Enfim uma pessoa que, se não existisse, tinha que ser inventada. Mas para falar dele, nada melhor que suas próprias palavras em seus belos poemas. Transcrevo um deles - mas antes informo que é a primeira vez que leio na contracapa de um livro os dizeres: “Está permitida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio ou procedimento, incluindo a reprografia e os programas informáticos” – o poema é “UM LIVRO”: “Tempo de preparação para a colheita minuciosa escolha das palavras cultivadas quando se pode arar no imaginário terreno.” ILAÇÕES DE LEITURA - Do livro de Elizabeth Travassos, “Os Mandarins Milagrosos”, Edição FUNARTE Jorge Zahar Editor, RJ.: - A música e a poesia podem ser dividida em três classes de fronteiras imprecisas, segundo Bartok: arte urbana superior, criada por indivíduos de talento excepcional; arte urbana inferior -sentimentalismo repulsivo, didatismo estorvador, piadas de mau gosto etc; arte rural, criada por uma comunidade de educação urbana insignificante ou nula. - O popular calcado no primitivismo e mesmo no autodidatismo precede o erudito de característica acadêmica. - Tudo que é vivo neste mundo adorna seu ato reflexo com sua peculiar expressão. - A perfeição artística só pode ser alcançada por um camponês imune à cultura citadina ou por um gênio individual. Fora desses extremos o impulso criador resulta em obras estéreis e disformes. Ainda Bela Bartók. - Ponderável foi a entrada do Ano Novo daquele escritor ignorado pela mídia: o peso excessivo dos anos nas costas estreitas, o rol das insalubridades maléficas no resto do corpo, dezenas de originais engavetados, aguardando editoras que dão a impressão de nem existirem neste mundo completamente sem Deus. Mundo destampado, e sem fundo. - “As roupas íntimas e os políticos devem ser trocados regularmente, pelos mesmos motivos” – Barão de Itararé, - Diante de uma criancinha brincando, comendo e conversando, até o ateísta pondera, afirmando: “Deus existe”. Mas diante do ancião ranzinza, o mesmo ateísta afirma, até sem ponderar: “o Diabo existe”. – Barão de Itararé -de novo?. - Na beira de uma piscina ou ao longo de uma praia, o corpo feminino não é tão eroticamente aquinhoado como nos outros lugares comuns do mundo. - Que a música ruim dos autores fajutos enxameiem o mercado, azucrinem os ouvidos dos incautos, tudo bem. Mas que essa desarmonia barulhenta ocupe o lugar e o tempo da verdadeira música, ah, aí tudo mal. - Relativamente à criação do mundo e ao surgimento de Jesus Cristo, um velho de oitenta anos é mais novo do que uma criança de oito anos. - “Em Deus eu não acredito, mas tenho uma grande devoção por Nossa Senhora” – Murilo Rubião. - “Somos nossos piores inimigos e nossa única esperança. A natureza não vai nos ajudar” no trabalho que desenvolvemos contra a vivacidade dela – Marcelo Gleiser da parte entre aspas. - De repente as opções são meros paliativos - e aí você constata que o alvo da benquerença mais valiosa está nas entrelinhas difusas da notoriedade enfim deslumbrada e deslumbrante.