quinta-feira, maio 17, 2012

BUENOS AIRES QUERIDA

Um passeio familiar (com a esposa, a filha, o netinho e a nora) à capital da Argentina vale como uma renovação de fé no humanismo salutar que ainda sobrevive em muitas das grandes metrópoles do mundo. 

No Brasil essa beleza humana ainda persiste em muitas cidades litorâneas e de tombamentos no chamado Patrimônio Histórico. Em Buenos Aires a parte antiga, imensa, mantém o tipo de modernidade da época (séculos 19 e 20) em nossos contemporaneíssimos dias. Ou seja, a parte antiga é ao mesmo tempo reconhecidamente moderna. As ruas estreitas ao longo de um aprazível afunilamento na interligação dos prédios diferentes uns dos outros, mas unidos no equilíbrio visual de uma estética de bordado gracioso e perfeitamente esmerado na pintura e limpeza dos adereços neo-clássicos. 

Todos, por assim dizer, em todas as ruas centrais, mantendo o equilíbrio das dimensões de dez a quinze andares, mais ou menos. As esquinas são pequenas praças e o trânsito bem controlado: os pedestres nos largos passeios, os automóveis em mão única, sem correria e sem barulho e sem acidentes. Muitas ruas são destinadas exclusivamente aos pedestres, todas ladrilhadas em cores, muito limpas: não se vê sequer um toco de cigarro... Um cuidado exemplar da Prefeitura, que não se constata na maioria das cidades brasileiras.

As ruas e praças primam visualmente, ostentam uma espécie de ênfase comercial: as lojas são belíssimas com suas vitrines engalanadas, chamativas. Uma sinfonia de cores, um luxo democrático. Os largos (terrestres e aéreos) espaços das praças perfazem boa parte da grande cidade. O bairro Puerto Madero ao longo de um aterro sobre o rio lembra as docas de Londres. 

Citamos também como áreas de saudáveis lazeres: a Avenida Lavalle, a Praça 25 de Maio, que abriga a famosa Casa Rosada (palácio presidencial) e os vistosos prédios da Basílica e da Catedral, ambos forjados em estilos rococó e barroco... 
E a inesquecível Avenida Nove de Julho, considerada a mais larga do mundo, contendo 22 pistas para automóveis, além de conter as praticáveis passarelas dos pedestres. É comum dizer-se que em Buenos Aires cada esquina “tiene um tango”.
Grande parte da área do bairro Caminito (parte mais antiga da cidade) é ocupada por bares e restaurantes e pistas de dança de tangos a céu aberto, sob o sorridente sol dos turistas de toda parte do mundo. Imprescindível também é passar e contemplar os aparatos do Madeiro, da Recoleta, do Palermo. 

 O requinte na cidade está nas comidas e bebidas, nos toques, timbres, regalias, nos museus e em verdadeiros palácios comerciais. Até os ônibus (coletivos) são enfeitados, elegantes. Uma cidade bem cuidada em seus cantos e recantos, proporcionando o bem estar das pessoas. Sabemos que o bem material bem cuidado atrai o bem espiritual e inspira o próprio desenvolvimento humano. A cidade não possui apenas um centro, mas muitos, cada um com as suas especificidades, a aparência agradável ao lado da serventia humana.
O cemitério é maravilhoso, se assim posso afirmar. Imenso em seus ruados que se multiplicam à esquerda e à direita dos visitantes, que contam até com guias turísticos. Cada sepultura é uma verdadeira obra de arte. De forma que ao que tudo indica está fechado para novos clientes: vagas só para os membros das famílias proprietárias dos túmulos existentes. A arte neo-clássica dos últimos séculos prepondera no traçado e nas fachadas dos prédios interligados sem a menor canseira visual, artisticamente diferenciados nas aparências e levezas das unidades em conjunto. 

A visita ao Jardim Zoológico foi outro “barato” do passeio. Imenso e faustoso, densamente arborizado, bem servido de água e de redutos para cada espécie animal. Um local de forma e conteúdo que encantaram o avô (eu), o netinho (Paulo), os outros familiares e também a Deus e a todo mundo.