terça-feira, junho 28, 2011

NOVOS POEMAS DE LÁZARO BARRETO

l - Sonho e Realidade. Sonho ou realidade? Ela veio com toda a sua pessoa (uma braçada de flores humanas?). Seu corpo: lábios seios axilas umbigo virilhas coxas nádegas – e os paraísos adicionais. Ela veio com todas as magnitudes de sua pessoa (íntima e pública). Sua alma: o brilho excessivo do olhar encantador, o sorriso iluminado-iluminador. Todo o fulgor da saúde mental! Veio com os abraços e beijos. Veio sorrindo, oferecendo-se (implicitamente? Explicitamente?). E eu em mim mesmo fiquei um pouco fora mim. 

2 - Momento Inesperado. A lucidez vai mentalizando os tipos caligráficos nas obscuridades momentâneas, noite adentro, avivando o crepitar de fogos e meiguices das lembranças e previsões. Assim a artimanha das vocações empilha os versos (multiplicados na reticência) na boa intenção de erigir o poema da instantaneidade repetitiva, que vem de um frio distanciado, para esquentar a interrupção do sono na lucidez povoada de vocábulos realizadores da fantasia momentânea. 

3 - O Melhor da Vida? O que há de bom e de melhor na sexualidade é a reciprocidade: eu amo, você ama, nós nos amamos ao mesmo tempo em todo o tempo. O que há de inovidável em todo o decorrer é a sensualidade: o primor das virtudes pessoais, o realce de uma certa transcendência na libido. Na libido. Assim vamos e voltamos da vida à morte, da morte à vida... Chorando de alegria no aprumar de nossas faculdades mentais e físicas. É o amor do amor na arte de amar, é o corpo da alma no corpo, a chamada animosidade: um fogo que é luz, uma luz que é fogo.

terça-feira, junho 14, 2011

LONGE E PERTO

A Vovó Barreta. A noite é o dia invertido dos mortos, é o apropriado espaço das ações posteriores.... Meus débitos pesam mais na capanga: será que tenho algum crédito na contabilidade cármica? Em toda caverna, em todo capão de mato, há um sinal de alerta, uma nota de repúdio? É válido o arrependimento depois de muito tempo? O escritor Marcel Proust sempre se queixava do mal que fizera à avó materna. Eu também digo que nunca me saiu da cabeça o mal que cometia contra minha avó paterna, surrupiando dela algumas moedinhas que ela deixava transparecer em seus caseiros guardados. Eu embolsava simplesmente para comprar balas de hortelã na Venda do Zé Lucas. O que infantilmente cometia não seria um roubo com todas as letras da palavra, um ato feio e reprovável que até poderia virar mania e viciar-me pela vida afora, fazendo de mim um gatuno? Os níqueis furtados eram insignificantes na ordem das coisas, que apenas supriam uma boba carência que eu inadvertidamente contraira: comprar balas de hortelã. Hoje fico a pensar se minha avó não percebia a leviandade e, se percebia, por que não me repreendia? Ela estava nos seus noventa e tantos anos e era uma pessoa linda assim na velhice apaziguada. Parecia uma menina apesar dos cabelos brancos e das rugas e de algumas desarticulações. Linda como a criança que começa a entender as coisas, a falar e gesticular e andar, tudo ainda no estágio da primeira aprendizagem. Mas toda a boa lembrança dela não me redime do sentimento de culpa, essa nódoa indelével de nossa pele, de nossa medula, de nossa consciência. O sofrimento é muito mais inesquecível do que a ventura, assim escrevia Proust – e eu estou aqui a concordar e copiar. 

A Vitória dos Homossexuais. Merece aplausos e bons votos. “Se a homossexualidade fosse uma perversão apenas humana, não seria encontrada em outros animais”, afirma o escritor Drauzio Varella, com toda a razão. “É uma tendência descrita em grande variedade de invertebrados e de vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos. Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra os princípios elementares de justiça”. Só pode ser a ausência de auto-crítica o fato do clero católico ignorar o estado laico de um governo democrático de aprovar e legalizar o matrimônio entre os homossexuais, quando uma providencia racional de sua parte seria aliviar o peso sexual que os clérigos e as irmãs de caridade carregam na obrigatória manutenção de uma irracional castidade. Se se liberar o estado civil nupcial para todos os chamados “seus fiéis”, um sol brilhante iluminará a face da terra. E viveremos em maior e melhor harmonia. Pois É, Pois é. Assim é, se lhe parece, como diria Pirandelo. A vida a jogar-se de um lado para outro, a chocalhar-me sem complascência, como se fosse um veículo doido e estragado, num reles mundo acidentado, sem a mínima trajetória de não-ir e de não-voltar. Creio que o trunfo que ainda me resta é a certa facilidade de às vezes entender-me com o silêncio das coisas se dos seres nos lugares deste mundo e desta vida. 

 O Humorismo Inglês. - Numa recepção social o senhor de certa idade esbarrou-se na mesa de uma senhora idosa e, meneando a cabeça, disse: “perdão, senhora!”. E ela (um tanto surda ou cega?), com a mesma reverência, respondeu: “Está perdoado. Eu também sofro de flatulência”. - Noutra recepção, um senhor, portando o inefável copo de uísque, procurava uma companhia para trocar idéias. Viu a senhora sozinha numa mesa, tomando guaraná. Aproximou-se e reverentemente perguntou: “a senhora é da Associação dos Anti-Anti-Alcóolicos? Ela prontamente respondeu: “Não! Sou da Liga de Proteção da Castidade Feminina”. Aí o senhor, constrangido, disse, ao afastar-se: “ah, eu bem desconfiava que alguma coisa não podia oferecer a senhora”.

sexta-feira, junho 10, 2011

CONCEITOS E IMAGENS

- Erotizar a cultura através da concentração devoradora do Eros pode, como acredita Ítalo Calvino, “descerrar jardins de delícias visionárias, mas toda essa Erotização deve ser praticada com muito distanciamento”. - Afirmações do primatólogo Russel Mitterneir: “Sem as abelhas, quem vai polinizar as plantas? Sem morcegos e sem urubus quem controla os animais mortos?” Abro aqui um parêntesis para perguntar: não foi por causa da quase extinção dos tatus que a população das formigas aumentou tanto? - Se as florestas ao redor de São Paulo sumissem, de onde viria a água para abastecer a cidade metropolitana? – Prossegue Russel, a quem continuo citando nos três itens seguintes através de minhas resumidas palavras. - Os cupins podem ajudar os arquitetos no controle de temperatura das construções. Nas regiões quentes da África, os imensos cupinzais estão sempre fresquinhos, como se fossem dotados de ar refrigerado.... A biodiversidade, de acordo com a ciência, possui 1,9 milhão de espécies entre animais, plantas e micro-organismos. Outras estimativas calculam que a totalidade pode chegar a 30 milhões. - Nos últimos 500 anos o desaparecimento de espécies aumentou em mais de mil vezes. Inclui aí o lênure do tamanho de um gorila, a coala de 50 quilos, uma ave-efefante de mil toneladas, de três metros de comprimento. - “A minha religião”, diz Carl Sagan, “é a vitalidade. Nada de prestar culto a uma divindade. Divina é a vida de tudo que existe. O resto é adubo para alimentar o que está vivo, seja um animal, um vegetal, um mineral. Minha religião é limitada e flexível. Não pode matar nada. Tem que tolerar e conviver com os marimbondos, as formigas, as serpentes e outros animais ferozes. Defendendo sem atacar. Sei que nem todas as espécies pensarão e viverão assim na convivência do mútuo respeito.... Mas fora disso teremos que prestar culto a uma outra divindade, sendo que todas recomendam o predomínio da lei do mais forte. E assim novamente chegamos ao anti-religioso assassinato em massa das espécies mais fracas. A minha religião é a vitalidade”. - Regina Brett, de 90 anos de idade, é colunista de um jornal de Clevelan, Ohio, EUA – e ainda escreve lindamente. Exemplos: “faça as pazes com o seu passado. Assim ele não estorva o seu presente. Tenha uma infância feliz, mesmo na idade adulta ou na velhice. Nosso cérebro é o nosso melhor órgão sexual. O que os outros pensam de mim não é da minha conta. É bom sair de casa. Os outros lugares são, também, bons e bonitos”. - Um velho ditado da sabedoria popular brasileira: “vergonha é roubar e não conseguir carregar o roubo”. Está sendo muito citado agora, em face dos últimos acontecimentos de nossa infeliz e corrupta política brasileira. - Uma noite histórica a do dia 07/06/2011: enquanto uma parte do povo brasileiro aplaudia o craque de futebol Ronaldo Fenômeno, outra parte, dando vazão ao sentimento de decepção, vaiava o conchavo do enriquecimento ilícito de um fantoche político. UM POEMETO? Encanto particular, luz interior. Um condicionador sensual? É assim que uma virtude leva à outra e assim a gente não sabe separar a alma do corpo. E como a alma é de imaginar e o corpo é de tocar, a gente atinge o sublime se conseguir um enlace ao mesmo tempo sentimental e físico. UM APLAUSO. Penitenciando-me pelo atraso, mando aqui meu sincero aplauso à Prefeitura Municipal de Divinópolis pela corrigenda da balbúrdia que imperava no trânsito de veículos ao longo da Rua Goiás mo Bairro do Porto Velho. Finalmente os pedestres, que não tinham vez na travessia da artéria, foram beneficiados através dos expedientes implantados na sinalização. Parabéns aos Servidores Públicos dos citados órgãos.

quinta-feira, junho 09, 2011

ÊXITO FUGAZ (*)

Uma vítima da opressão escrevendo a respeito dela, queixoso e magoado? Sim, assim é que é digno e justo. Só assim os gritos de horror do passado podem silenciar ao menos um pouco as gritantes ressonâncias de um futuro que está sempre a começar, sempre espinhoso. É doloroso reconhecer a permanência no cotidiano dos resmungos da mafiosa convivência social excludente. É assim que uma sujeira contraída involuntariamente vira nódoa na boca mesquinha de elementos de vidinhas insossas e ineficazes. Assim as nódoas doem como feridas, mesmo depois de anos e anos de nefasta purgação. Uma cruz perpetua. As nuvens de todo o sempre em toda parte (são cabelos aéreos de areia fofa). os dias, uns atrás dos outros, como gafanhotos, passam e repassam em exíguos espaços: a televisão e o bando de maitacas a falar da vida alheia, com as palavras do mau gosto. A corrupção dos costumes a ferir nossos tímpanos. Os dias encarreirados na mesma ocupação apocalíptica. O amargo silêncio dos desatendidos do sistema excludente. A preocupação genética de separar o joio do trigo na mesma nesga da lavoura, agora não mais arcaica, mas sim clonada. Tudo isso e o ressaibo do inferno reprisam o ditado de que quando os deuses querem destruir uma pessoa, primeiro eles a enlouquecem. Mas, passada a intempérie, o eterno aprendiz de poesia julga-se apto a citar o poema de Lawrence Ferlinghetti (“Encontro de Olhares no México”, tradução de Paulo Henriques Britto): “De repente você está falando comigo no meio da platéia enquanto recito meu poema. Meus olhos encontram os teus no meio da multidão Só um par de olhos num mar imenso de rostos: lanternas longínquas numa paisagem noturna, tremeluzindo. E os olhos falam - numa língua qualquer -. Termina o poema, os olhos continuam a queimar. E vem o aplauso como num mar escuro eu ouço o ruído distante, como quem ouve um búzio - farrapos de sol ao vento -. Depois vem tua voz numa língua qualquer - questionamento exaltado do meu poema. Eu respondo, falando para a platéia. Eu te respondo olhos negros falam a você no meio da platéia: ó morena “Não há outra como tu entre as dançarinas: Te amo”. ( Título de um belo filme estrelado por Doris Day e Kirk Douglas).

quarta-feira, junho 08, 2011

POESIA E POLITICA

as pernas as rodas laranja serra d’água bomba no atol de mururoa a siririca o concorde o bem o mal a terra a fome a enxada o computador humanismo tecnocracia a borboleta o fisco o milho de minas o arroz da asia o campo a cidade raio de sol raio laser a gabiroba a multinacional o rio a barragem o operário o executivo a rosa (da rosa) o cravo (da cruz) deus o diabo os livros de drummond o jornal do dia de blake ou de shelley de dentro ou de fora de rimbaud ou de wiltman de auto-ajuda o arraial a metrópole igreja bordel a lavoura a indústria liberdade até para o inimigo liberdade não é comigo. FLOR E ESPINHO.

segunda-feira, junho 06, 2011

SUGESTÃO DE TOMBAMENTO DE BENS CULTURAIS E HISTÓRICOS DE DIVINÓPOLIS

1 – A Praça do Canto da Minas. O terreno é da Prefeitura e entronca ruas que fluem para os bairros Niterói, São João de Deus, Maria Helena e Porto Velho. O local é belíssimo, mas carece de urbanização (limpeza, iluminação pública, ajardinamento e proteção da mina da água). Poderá transformar a área em espaço nobre de recreação e lazer para as numerosas famílias das adjacências. O tombamento incluirá parte da ruazinha XV de Novembro, a única de Divinópolis que remonta aos velhos tempos do século dezenove e que não foi descaracterizada. Apesar de pobre e singela tem a sua importância histórica, urbanística e arquitetônica: é estreita e torta, com postes de madeira no meio da rua e sua área abrange apenas uma dúzia de casinholas, aproximadamente, todas de construção antiga e pobre. Os moradores poderão beneficiara-se da isenção de impostos e da a recuperação de suas formas originais através de verbas (módicas) da Prefeitura. Em conversa descompromissada com os moradores, notamos muito contentamento, entusiasmo e esperança. Se o Prefeito aprovar, o processo de Tombamento poderá ser iniciado logo. 

2 – Praça X Gontijo. A praça X Gontijo e o prédio onde funcionavam os serviços administrativos da Prefeitura e o terminal rodoviário da cidade. O prédio é representativo de um estilo arquitetônico vigente na época (há mais de 70 anos, mas é de boa estruturação – e perdurará com o passar de muitos anos, ainda. O tombamento não trará despesas financeiras e terá validade para assegurar legalmente sua preservação ao longo do tempo. Quando os atuais serviços administrativos da Prefeitura saírem do local, a praça terá uma função paisagística de rara significação porque entrará em harmonia histórica com a estação da estrada de ferro (já tombada) e os outros prédios do contorno, que poderão ser, também, tombados. O prédio central poderá ser utilizado para sediar órgãos culturais como a Academia de Letras, escolas de arte sem fins lucrativos e a biblioteca pública na parte superior. Toda a praça poderá ser restaurada e colocada em condições de propiciar recreação e lazer às famílias das adjacências. Verificar a viabilidade das sugestões. Divinópolis 15/05/1992.

COPIAS

Copias de Documentos sobre a Igreja de Nossa Senhora do Desterro para ao Deputado Fabiano Tolentino:

1 – Correspondência à Presidente do IEPHA em 1993, som os seguintes anexos: - Relação de cópias de documentos. - Relação das peças sacras da Igreja (2 páginas). - Informe Histórico (5 páginas). - Cópias de fotos do imóvel e das imagens (5 páginas). 

2 – Dados sobre a Paróquia de Itapecerica. 

3 – Cópia da página 105 do livro “Instituições de Igrejas no Bispado de Mariana”, do Cônego Raimundo Trindade. 

4 – Cópia de correspondência enviada à Prefeitura Municipal de Sabará. 

5 – Resposta da Prefeitura de Sabará sobre o pedido de informação constante no item anterior (em 2 páginas). 

6 – Correspondência à Sra. Noeme Vieira de Moura sobre instruções de Tombamento de Bens Históricos. 

7 – Correspondência ao Deputado Marcelo Jerônimo sobre o moroso andamento do projeto de tombamento da referida igreja. 

8 – Resposta do Deputado e Anexo. 

7- Texto de LB sobre a Igreja de Nossa Senhora do Desterro. 

8 – Cópia de carta do Padre Carlos Pinto da Fonseca solicitando à Prefeitura de Itapecerica o tombamento, a nível municipal, da Igreja do Desterro. 

9 – Cópia do Decreto 08189, de 24/04/1989, tombando a referida igreja, a nível municipal. 

10 – Carta de LB à Presidente do IEPHA, solicitando informações sobre o tombamento da Igreja, que ela mesma tinha aprovado o projeto elaborado pelo subscritor da carta. Infelizmente não houve resposta. 

11 – Outro “Informe Histórico” sobre a Igreja, com alguns acréscimos e anexos. 12 – Carta do Secretário de Estado da CultuRa de Minas ao Lázaro Barreto, em 21/06/2000.

quinta-feira, junho 02, 2011

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE

A Violência Campeia. Virou moda agora matar mulher e crianças? A violência campeia desde os velhos tempos, tanto nas páginas do Corão como nas do Velho Testamento. A religião não é, pois, piedade, poesia. Ao contrário, é violência, política. Está mesmo aí a figura hedionda (o diabo em figura de gente) do tal de Bin Laden. A secular matança indiscriminada em nome de Deus é uma atitude humana contraditória. Tal pessoa (o diabo em figura de gente, repito) fazia do terror um culto. Seus seguidores em muitas partes do mundo estão tramando novas mortandades. Como é que pode? Tanto o ateu como o agnóstico, encontram apoio razoável nas duas melhores fontes da sabedoria humana, na ciência e na literatura. Mas sabemos que na prática o que mais aparece em quase todos os pontos do planeta e em quase todas as partes da História é o ódio e não o amor. O Terror. A vingança às vezes pode ser uma forma de justiça? A mídia internacional explora o sumiço que os EUA deu no terrorista muçulmano abrindo o leque opinativo do favor e do contra. Creio que o ato do Obama contra o Ozama (uma rima contraditória) reprisa a velha querela entre o Ocidente e o Oriente, com as variações formais que a história registra ao longo do tempo. Creio que se toda missão social de um terrorista é matar, ele não passa de um assassino. Existem outras maneiras de vier, não? Obama sim, Ozama não. Os Amigos do Alheio. Alguém me lembrava, outro dia, que a história moderna da política brasileira tem mais vilões do que heróis. E citou, textualmente, os nomes execráveis de alguns maus exemplos: Ademar de Barros, Paulo Maluf, Fernando Collor, Antônio Garotinho, José Sarney (o pior de todos?), Newton Cardoso, José Dirceu, Renan Calheiros, Jader Barbalho e toda a cambada de fichas-sujas a nível municipal, estadual e federal, tanto no legislativo, como no executivo, culminando, enfaticamente, com o nome do tal de Palloci. As Caixas Pretas. O acidente em 31 de maio de 2009 do Airbus na rota Rio-Paris, matando 228 pessoas, estava com as causas inexplicáveis até agora. Com o resgate das caixas a 3.900 metros de profundidade no Oceano Atlântico, em perfeito estado, as explicações certamente virão. Lembro-me que na época eu viajava com a esposa na ponte aérea São Paulo-Belo Horizonte, tendo do lado esquerdo de nossas poltronas um senhor que durante a conversação revelou ser piloto profissional – o que aguçou meu interesse sobre o acidente do Airbus. Ele, respondendo à minha pergunta sobre o que teria provocado a tragédia, limitou-se a dizer que só as caixas pretas poderiam revelar a verdade. “Mas elas jamais serão encontradas”, ele acrescentou. Resposta que para mim deixava no ar a suposição de ter havido erro humano. Errar é humano, lá diz o ditado, que acrescenta: e perdoar é divino. A Responsabilidade Cultural. Na qualidade de um escritor conferencista de projeção internacional, Ítalo Calvino não batia numa só tecla; apontava a escuridão sem despregar os olhos dos botões acendedores da luz. Não queria que a nova geração herdasse os descaminhos e desencontros dos novos tempos, mas sim uma postura positiva em relação à vida, para contracenar e amainar “a nossa insuprimível, amargurante, sacrossanta insatisfação”. Ministério da Deseducação. É o fim da picada, penso, quando sinto que entre os desmandos politiqueiros que a mídia não cansa de denunciar (sem surtir o menor efeito, desgraçadamente), surge agora uma instrução didática do ministério da deseducação em adotar um livro que promove o não ensino da língua padrão (jogando no lixo a gramática e o dicionário), liberando o alunado para falar e escrever com a barbaridade da língua feia e errônea de exemplos como os “nóis vai”, “menas laranjas”, “ocê num ta cum nada”, etc etc, o diabo a quatro. Adendo. Ophir Cavalcanti, Presidente da OAB, estranhando a súbita e astronômica riqueza do ministro palocci, declarou que “só há duas formas de ficar rico rapidamente: recebendo herança ou ganhando na loteria”. – Falou e disse. Mas... E as providências a serem tomadas?