quinta-feira, dezembro 08, 2011

ASCENDÊNCIA GENEALÓGICA (*)

1 – De Paulo Barreto Lopasso: Filho de Ana Paula Barreto Lopasso e Guilherme Barreto Lopasso, neto de Lázaro Valentin dos Reis Barreto e Inês Belém Barreto, bisneto de José Valentim Barreto e Isolina Gonçalves Guimarães, trineto de José de Oliveira Barreto e Maria Tereza de Jesus, tetraneto de Antônio José de Oliveira Barreto e Maria Archangela Tavares, pentaneto de Bernardo José de Oliveira Barreto e Josepha Maria de Jesus, sexta-geração de Antônio José de Oliveira Barreto (natural do Arcebispado de Braga, Portugal) e Anna Joaquina Cândida de Castro (natural de São Paulo). 

2 – De Paulo Henrique Belém Barreto, casado com Layla Suchodko de Lima, filho de Lázaro Valentim dos Reis Barreto e Inês Belém Barreto, neto de José Valentim Barreto e Isolina Gonçalves Guimarães, bisneto de José de Oliveira Barreto e Maria Tereza de Jesus, trineto de Antônio José de Oliveira Barreto e Maria Archangela Tavares, tetraneto de Bernardo José de Oliveira Barreto e de Josepha Maria de Jesus, pentaneto de Antônio José de Oliveira Barreto e de Anna Joaquina Cândida de Castro (ele nascido no Arcebispado de Braga, Portugal, e ela em São Paulo). 

 (*) – dados colhidos no livro de genealogia “Família Oliveira Barreto”, editora Expresss, Divinópolis, MG, esgotado.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

O ÂNGULO AUSPICIOSO

“Arranjos de Pássaros e de Flores”, Poemas de Wilmar Silva, Editora Robertha Blasco, BH-MG, 2011. Numa primeira leitura presumo que o título e todo o livro referem-se ao corpo da mulher amada com todas suas proximidades e confins, perfumes e cantorias, arranjos de pássaros e de flores. Na leitura momentânea, sem o crivo crítico, chego a ouvir os sons e aspirar as essências mais vivas da natureza ao mesmo tempo vegetal e mineral, sobremodo humana, quase sobre-humana. “Escorregadio vale em forma de trevo” leva-me “ao arranjo de veludinho e papoula”, dialoga “com a conterrânea matriz roseana”, como afirma Fabrício Carpinejar no prefácio “Delícias do Campo”. Esmiuçando a linguagem, lendo e relendo atenciosamente, não encontro outra alusão a não ser a encantação da sensualidade afetiva (a afeição sem problemas mentais, imbuída de incontáveis soluções físicas). Onde “apenas eu” (o autor diz na página 31) “enxergo o suor de virilha à língua” na “foz de orgasmo no festim floral” das dálias e dos melros. São 31 páginas de dez versos que evocam, sugerem centenas de páginas, milhares de leituras. Um livro, pois, muito importante. Utilizando um vocabulário ao mesmo tempo sucinto e abrangente, suscita expectativas e derrama prerrogativas, insinuando, esclarecendo desejos e satisfações que rodeiam e enfeitam os espasmos da sexualidade. Inevitável, pois, a compilação de alguns versos a respeito do acasalamento dos pássaros com as flores, ou seja, do sequioso amante com a deliciosa amada: “vermelhos ramos, jasmim-dos-poetas\ quadratura de estacas, flora perfume” (página 43). “Invólucro de plêiades, do ventre estelar”\ “: constelação óptica de lóbulos e folíolos” (pág. 45). “É meu gosto em meu hálito de canário\ lasso eu crivo, cântaro de água e poço\ guardo no âmago cadente da memória\ teu sono de pássaro, errante-t miro-eu” (pág. 49). E assim por diante a sucessão de monólogos-diálogos, o encontro da fome com o que há de comer, a luz do desejo encontrando o prazer, o abraço cordial da flora com a fauna, o beijo crepitoso entre os amantes na solidão mais povoada deste mundo, apesar dos muitos percursos intransitáveis. O outro poeta, Alécio Cunha, afirma no prefácio: “É a agrolírica de Wilmar Silva, após suas intensas reflexões sobre o desordenamento da linguagem, lugar por excelência de embate, luta corporal entre forças centrífugas e centrípetas que ecoavam na própria estrutura, nada linear, dos poemas”. O autor nasceu na cidade de Rio Piracicaba, Minas Gerais. Vivi algum tempo de minha juventude nas margens desse fabuloso Rio, trabalhando nas obras de construção da barragem e da usina hidrelétrica. O rio piscoso-volumoso-sinuoso inspirou-me um poema, na época, inédito até hoje, que agora publico aqui em homenagem ao autor de “Arranjos de Pássaros e Flores”: RIO PARANAIBA (dedicado à Lacyr Schetino) Uma noite (ou um estranho dia) Cobria de ervas e detritos As betoneiras e os guindastes Que ameaçavam cobras e lagartos. Seria maio? Agosto? Trinta mil olhos de formigas testemunhavam meu pavor Ao ver o rio levar a lua, Que se agitava, que gritava, que chamava minha atenção Atônita, ineficaz. Entrementes Ouço dizer que há répteis úteis e nocivos, Que o diabo fez a ponte pênsil, Que os cães não atacam pessoas nuas, Que todos os brasileiros tem o olhos os olhos castanhos E que a solidão....

quinta-feira, dezembro 01, 2011

GOTAS DE CHUVA E DE SOL

1 – Do livro “Senhor PROUST”, de Celeste Albaret (enfermeira e amiga de Marcel Proust), trad. de Cordélia Magalhães, Edit. Novo Século, SP, 2008: “A doença não lhe causava medo. A única queixa que ele tinha era a de morrer sem terminar sua obra”, pag. 93. (...) “Acreditar que seus livros são a narrativa real de sua vida é fazer pouco caso de sua imaginação”, pag. 114.” Ele sempre foi a abelha que pousa, sem se enganar, sobre as flores boas”, pag. 179. “Quanto aos paraísos perdidos, Céleste, não existe quem os reencontre”, pag. 181. “Quando revejo todo o deserto em torno dele, penso: quê solidão! E que força de alma para tê-la desejado, e tendo desejado, para tê-la suportado!”,pág. 207. “A inteligência nela” (ele dizia da Princesa Bibesco) “é outra faceirice... Ela tem a poesia dos gestos e das palavras”,, pag. 268. “Eu” (a autora diz) “não tinha nenhum problema para sorrir, como a Gioconda: mas era feliz como uma flor azul dos prados”, pág. 321. Uma das cláusulas do Prêmio Goncourt, que ele recebeu, consta: “Ele é um escritor adiante de sua época, em mais de cem anos”, pag. 355. “Quando sabemos dizer, podemos dizer tudo” – ele diz na pag.367. “As lembranças jamais foram coisas mortas para ele. Ao contrário, elas sempre foram sua exaltação, para não dizer sua alegria”, pag. 377. “Senhor, muitas vezes minha mãe dizia, sobre o tempo: “quem o fez não o vendeu”. Ele me fez repetir. E disse: “Como é bonito, Céleste! Eu colocarei no meu livro”, E, com efeito, a frase está lá”, pag. 390. “Odilon” (marido de Céleste) e eu tivemos uma filha, Odile, que é o único ser do mundo por quem eu iria buscar a lua, como teria feito para o Sr. Proust, se ele tivesse me pedido”, pag. 424. 2 – Do livro “Como deixei de ser DEUS”,de Pedro Maciel, Edit. Topbooks, RJ, 2009: “Loucos nunca puderam circular livremente pelo centro ou arredores da minha cidade. Muitos morreram fingindo lucidez”, pag. 75. “O sol tem uma sombra tão iluminada que se vê à luz da noite”, pag. 135. “Há escritos tão sonoros que podem ser lidos de olhos fechados. O verdadeiro leitor tem de ser o autor amplificado”, pag. 117. “Quem colhe uma flor perturba uma estrela (...); a delicadeza do espírito de porco”, pag. 95. “Deus, para reinar não precisa existir”, página 23. 3 – De minha livre insinuação: se procuro ver e sentir materialmente a poesia como pensamento e sentimento da realidade, o que encontro é a ocorrência dela na vida e no mundo representando a Piedade e não a Violência nas ações humanas no tempo e no espaço. 4 – “Adoro carros, mas o carro é anti-urbano. Niemeiyer, discípulo de Le Corbusier, percebeu que o melhor a fazer era destruir a cidade tradicional e construir uma cidade inteiramente a serviço do automóvel. Isso não funciona”. São palavras de Paul Goldberg, professor crítico de arquitetura, em entrevista na VEJA de 23\11\2011. 5 – Contra o surrealismo do trânsito nas grandes cidades (e Divinópolis é uma delas), causando a violenta balbúrdia e a desastrada violência com milhares de mortos e feridos, acertada seria a contrapartida, ou seja, a adoção de outro tipo de surrealismo: a proibição da fabricação dos chamados carros-de-passeio em todo o mundo a partir de qualquer dia da próxima semana, do próximo mês ou do próximo ano, facultando apenas a fabricação de táxis específicos (automóveis de estrutura visual identificável, inconfundível). Assim, em vez de gastar dinheiro com o engarrafamento das artérias as gastariam menos com o aluguel do taxi para tempo e percurso determinados. Aí sim, a vida real seria possível – e o surrealismo ficaria apenas na estrutura visual dos carros de aluguel – e não no esbanjamento monetário dos ricaços e seus pobre êmulos. 6 – As Palavras Cruciais. É preciso devolver ao jargão corriqueiro as palavras obsoletas, Descolá-las do holocausto ou do sepulcro, Transferi-las da inocuidade do monólogo para a loquacidade do diálogo. É preciso surrupiá-las do dicionário (um limbo imobilizado - só ao alcance dos apressadinhos), Conduzi-las nos bolsos do corpo e do espírito: Pinçar um barbarismo aqui, um arcaismo ali e depois Escrevê-las nos troncos das magnólias e dos esporões, Nas areias dos caminhos e nos pórticos das instituições: Tudo isso (quem sabe?) para despertá-las, avivá-las, Necessariamente.