terça-feira, outubro 25, 2011

FICÇÃO E POESIA

Somos muitos a contar a mesma estória, doida varrida dos desencontros nos encontros. Somos várias pessoas (paus que fazem canoas?) tecendo e costurando o corolário das ilações, para o que der e vier após o colapso de uma das estrelas moribundas no buraco negro da volatibilidade. Os delírios instantâneos que se prolongam no tempo e no espaço da poesia... O poema não é o falatório de súplicas e lamentos, em é a indócil contigüidade dos afetos conflitantes: é a mulher amada no momento do amor: pois que, perto dela a própria lua desaparece do luar. O que encontra a reação crepitante no corpo vem da alma? O que se perde nas reles impossibilidades aumenta o vazio nas jarras desusadas de nosso inconsciente? Os dúbios caminhos da vanguarda prenunciam seus evidentes funerais?

A FALA DO BEBÊ

????????.......!!!!!!!!!???????????............:::::::::::::::::........... Estava sonhando e acordei. Vim de longe e agora estou perto. Vocês nunca me viram? Eu nunca vi vocês: ou já? Mas o colo da mamãe!... (por que vocês estão rindo?) ... É uma delicia............... Vocês estão felizes? O que será de nós? O que será, será? Vocês nunca me viram antes, Nem sonhando?... Eu conhecia mamãe, antes de nascer. Ah, se conhecia ! O papai é o moço ao lado? O velho é o vovô de óculos? A vovó está cantarolando? Estou vendo que gostam de mim.... Eu também gosto de vocês... Quê bondade... Quê beleza! ......................................! Mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar!........................................... !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!.................................... (texto inspirado e baseado no video “Paulinho no papo cabeça”) 
http://www.youtube.com/watch?v=KzWFjn1Cu9I

PAISAGENS

Princesa Magdalona: As fontes medievais dos contos e cultos da formosura feminina dos discretos decotes, nos sutis penteados.... Os traços suaves e cativantes do deleite.... A rua é um caminho enluarado? O passado e o futuro estão unidos no presente? A presença dos sonhos não quer dizer ausência de realidade. O arvoredo ao longo da rua e dos campos sacode suas flores e frutas. O chão está repleto de palavras chamativas. Maria Madgdalena: Discípula, namorada e esposa de Jesus. A finura em pessoa. A devoção apaixonada. A noiva das bodas de Caná. A irmã de Lázaro e de Marta. A bem amada antes e depois do sacrifício. As sagradas confidências dos cônjuges nos intervalos das jornadas. Mãe de toda a posteridade cristã, graças ao amor do amor. Os caminhos do Egito voltam para a França, trazendo os ares das bonanças e dos perdões na eterna modernidade das efusões.

CITAÇÕES COMPLEMENTARES

Milan Kundera: “No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável leveza. Para Nietzsche a idéia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos. Se assim é, nossas vidas,sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda a sua explêndida leveza” Em “A Insustentável Leveza do Ser”, pag. 11, trad. deTereza B. Carvalho da Fonseca, Edit. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1983. 

Gentil Ursino do Vale: “Uma das mais belas e edificantes tradições do cristianismo infelizmente está desaparecendo. Refiro-me aos presépios. Tinham eles o condão de impregnar de santa poesia as festividades do Natal, além de despertar, principalmente nas crianças, aquela devoção, aquele amor ao Menino Jesus”. Em “Escavações no Tempo” (pag. 104), Editora Artes Gráficas Santo Antônio, Divinópolis, MG, 1985. 

Stephen W. Harwking: “Neste livro dei ênfase especiais às leis que governam a gravidade, porque é ela que configura a micro-estrutura do universo.” (pag. 235). “A teoria geral de Einstein da relatividade, baseando-se em si mesma, preveniu que o espaço-tempo começou com a singularidade do Big Bang e chegará a um fim também com a singularidade, o Big Crunch (se todo o universo entrará novamente em colapso) ou numa singularidade dentro de um buraco negro (se uma região local, como uma estrela, entrar em colapso” (pag. 163). Em “Uma Breve História do Big Bang aos Buracos Negros”, trad. De Maria Helena Torres, Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 1988. 

Evangelho de São João, cap. XII, vers. 24 e 25: “Em verdade vos digo que, se o grão de trigo que cai na terra nõ morrer, fica infecundo: mas se morrer, produz muito fruto”. Em epígrafe do romance “Os Irmãos Karamázovi”, de Dostoievski, trad. De Eurico Corvisséri, edt. Nova Cultural, Rio de Janeiro, 1995. 

Rainer Maria Rilke: “Se a maternidade é a religião da mulher e a criação a do artista, o homem que no seja artista deve ter uma religião (...). A religião é a arte dos que nada criam” (pag. 17). Oh dizer que as próprias coisas nunca pensaram ser no íntimo..., pois não é recôndita astúcia desta terra calada incitar os amantes a sentirem como as coisas se encantam umas às outras?” (PAG. 141) Em “R, M, Rilke – Poemas” - trad. De José Paulo Paes – Cia. Das Letras, São Paulo, SP, 1996. 

Soren Kierkegaard: “O desespero... essa enfermidade do eu: eternamente morrer, morrer sem todavia morrer, morrer a morte... (...) para que se morresse de desespero como duma doença, o que há de eterno em nós, no eu, deveria poder morrer,como o corpo morre de doença. Ilusão! No desespero, o morrer continuamente se transforma em viver. Quem desespera não pode morrer; assim como um punhal não serve para matar pensamentos, assim também o desespero, verme imortal, fogo inextinguível, não devora a eternidade do eu, que é o seu próprio sustentáculo” (pag. 199). Em “KIERKEGAARD – Os Pensadores”, trad. De Carlos Grifo , Maria José Marinho, Adolfo Casais Monteiro – Ed. Victor Civita – 1984, São Paulo, SP. 

Herbert Marcuse: “O papel predominante da sexualidade tem raízes na própria natureza do aparelho mental, tal como Freud o concebeu: se os processos mentais primários são governados pelo princípio do prazer, então aquele instinto que, ao atuar sob esse princípio, sustenta a própria vida, deve ser o instinto da vida’ (Pag. 42). Em “|Eros e Civilização”, trad. De Álvaro Cabral, Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1968. 

Shusaku Endo: “Com as palmas das mãos o homem alisou as cônicas curvaturas de seus seios várias vezes seguidas. Era evidente que ele estava vagarosamente absorvendo em suas mãos a maciez e a elasticidade. Suas palmas vagavam para a frente e para trás entre seus seios e a pequena noite de sombras entre suas pernas...” (pag.212). Em “Escândalo”, trad. De Maria Helena Torres, Edit. Rocco, Rio de Janeiro, 1988. 

Hermann Melville: “Falcões voracíssimos voavam mansos sobre minha cabeça, como se tivessem os bicos embainhado”. (...) William Faulkner define os três personagens do romance: Ismael, Queequeg e Ahab: representam a trindade da consciência: o não conhecer, o conhecer sem problema e o conhecer problemático. Em “Moby Dick”, trad. De Adalberto Rochsteiner e Monteiro Lobato – Cia. Editora Nacional, São Paulo, SP, 1957. 

segunda-feira, outubro 24, 2011

FATOS E PESSOAS, EVENTUALMENTE

Marilyn Monroe. Sempre pensei que ela mantivesse, iluminando a efervescência sensual uma boa parcela do componente anímico que eleva a sexualidade a um nível poético e não apenas frenético. Mas o que mais transparece em sua biografia é que ela era muito mais uma devoradora de homens do que uma encantadora de homens. Na condição de fã encantado pela beleza dela, sinto-me enganado com a imagem mais frequente dela: muito mais sobre a cama do que sob a câmera. Millôr Fernandes. Onde andará? Que falta ele faz na boa imprensa brasileira. Que ele iluminou desde os tempos da Revista O CRUZEIRO, de ótima memória. Lembro-me de uma piada que ele publicou quando o tal de Sarney assumiu a presidência da república divulgando o slogan de que ia fazer um saneamento em todo o Brasil. A propósito o Millôr desenhou o mapa do Brasil em forma de um queijo com um rato de cada lado, um falando pro outro:”sarneia daí que eu sarneio daqui”. A DESEDUCAÇÃO. “A escola particular no Brasil é melhor do que a pública porque esta não pode dispensar o mau professor e aquela pode” – eis uma verdade bem dita por Gustavo Ioschape. A CASA DA MÃE JOANA. Existem espantosos 25.000 cargos importantes no governo federal, criados na malévola era lula, à disposição de indicações políticas sem a obrigatoriedade de requisitos profissionais. Os amantes da vida mansa tornaram-se petistas sabendo de antemão do farto usufruto. A FILOSOFIA DO PILANTRA. Um colunista social talentoso, dinâmico e bem situado, de vez e quando desafinava, pregando abertamente a filosofia da Vaca: “cagando e andando”. Igualzinho alguns líderes de fachadas, que trepados em altos cargos mordômicos tanto mal faz a deus e a todo o mundo. ÍTALO CALVINO: “Só podemos pensar o mundo através de figuras humanas, de resmungos humanos. (...) O que nos interessa é o mosaico em que o homem está encaixado, o jogo de relações, a figura a ser descoberta entre os arabescos do tapete”. ITALO CALVINO DE NOVO: “Assim como o escritor não encontra alguma coisa absoluta, o cientista também tem a modéstia de considerar o resultado de seu trabalho como parte de uma série infinita de aproximações”.(As duas citações foram transcritas do livro “Assunto Encerrado – Discursos sobre Literatura e Sociedade”, trad. de Roberta Barni, Edit. Cia. Das Letras, São Paulo, SP, 1980. LARS Von TRIER, cineasta dinamarquês: “Se Deus criou a vida, ele a largou correndo por aí, sem pensar no fato de que criou seres que sabem que cada passo deles causa o sofrimento de uma planta, de um animal ou de um outro homem”. A ESTRELA DESNUDADA. Palavras de Marilyn Monroe, segundo Lars Von Trier: “Se você não agüenta o meu pior, não merece o meu melhor”.