segunda-feira, maio 31, 2010

REVIVESCÊNCIAS

As lombrigas da infância que se fixam, inamovíveis nas tripas psico-físicas de nossa crônica debilidade, crescem desmesuradamente ao romper do poente etário de nossa condição humanamente propensa às chuvas e trovoadas das vicissitudes acumuladas ao longo dos anos de contraditórias vivências. O que fazer agora: amarrar o animal pelo rabo e esporear? Deitar na relva empoeirada e procurar o sono nos meandros nebulosos da atualidade? Estufar o peito e assumir as repetidas negligências ao longo de tantas contrafações vivenciais? Perdoar ou condenar os algozes interiores e exteriores da abominação inexplicável? Procurar, sem desesperar, o alívio de algum fortuito esquecimento, ou então dar tudo por consumado - e comemorar a vitória da manutenção na reles sobrevivência, conseguida, apesar dos pesares, e dos males resultantes dos próprios pecados?

quinta-feira, maio 13, 2010

POEMA EM PROSA (cacofônico)

Quem, diante dos últimos acontecimentos apocalípticos, anda decepcionado, carcomido? Oh! Não custa nada tentar o lembrete do big-bang, após o qual o ser humano da atualidade não passava de um anfíbio, que a muito custo atravessou a areia, chegou ao mato, subiu na árvore... Quem diria? Quem diria que depois de subir na árvore e voar, agora corta sem dó e sem piedade a mesma árvore da vida? Pois é assim que é hoje em dia. Falam tanto no fim do tempo humano... Tanto mas não tanto? Vale a evocação da clarividência de Darwin e de sua teoria da evolução, segundo a qual a terra gira em torno do sol e não o contrário, como era até então propagado... Ah! Segundo a mesma teoria o mundo tem muitos bilhões de anos e a vida útil do sol ainda vai permanecer cintilante outros bilhões de anos... Tranquilizemos-nos, pois! Daqui até lá (quatro bilhões de anos, mais ou menos?), seremos diferentes do que somos hoje... Diferentes? Melhores? Piores? Optemos pela primeira hipótese, ou seja, despojados de inveja, de egoísmo, de hipocrisia e de violência, providos de fé no amor, despojado das armas do ódio e liberados das facções corruptas, providos de música ao falar, de paladar ao comer e munidos da santa consciência ao agir socialmente... Ah! Aí sim! Aí então o subsolo, a face e o ar do planeta não terão lugar para a poluição do chão e da atmosfera, a tecnologia do mal, a desintegração do átomo, o diabo a quatro.... Tomara que assim seja (perdoe a cacofonia) já!

quarta-feira, maio 12, 2010

NUANCES E PROMESSAS

As cores das rosas nas escuras paredes da noite são lábios vermelhos em rosto lívido? O assassinato da menina Isabela é o sacrifício da inocência e da poesia? É o primado da truculência e da cegueira? É a derrota do amor e o atestado de óbito da piedade. Amargura não faz poema, não é poesia. Doçura sim, é poesia, faz versos bonitos. O dogmatismo é um valor pífio, tanto no vaticano como no prostíbulo. Os mísseis carregando armas nucleares: existe um descalabro mais injusto numa galáxia que tem dez milhões de anos e um diâmetro de cem mil anos-luz? Palavras são palavras encimando e abaixando as fagulhas e os sabores da volúpia. Uma luz sobe dos pés da amada, clareando as pernas até afoguear a zona erógena. Depois o riso acende os cabelos, crepita as nuances e as promessas de outros momentos imaginários.

terça-feira, maio 11, 2010

PÉROLAS LITERÁRIAS

Compilação de Lázaro Barreto. 

 - “Quem é você? Se você acha que sabe, por que continua mentindo a respeito?” Paul Auster. - “É preciso ter coragem para assumir o próprio pessimismo”. Ian McEvan. - “Os escritores são iguais às outras pessoas, apenas ligeiramente mais obsessivos”. John Banville. -“A pessoa que não sacudir o orvalho de manhã não penteará seus cabelos grisalhos”. Hunters Thompson. -“A medicina é minha legítima esposa; a literatura, minha amante”. Anton Tchekov. - O poeta francês Mallarmé colocava a fonética, os preceitos simbólicos e a forma visual acima da significação literal. - “Não há inteligência onde não há mudanças, nem necessidade delas”. H. G. Wells. -“As frases labirínticas e a sintaxe retorcida de Marcel Proust. Ele introduziu e cunhou a idéia da lembrança involuntária (a que vem sem ser chamada)”. Autor não lembrado pro mim, agora. “As palavras são apenas sombras vagas do muito que queremos dizer”. Theodore Dreiser. -“Nada está distante e nada está próximo, quando se deseja”. Willa Cather. -“O conhecimento pode ser transmitido, mas a sabedoria, não”. Hermann Hesse. - “A vida é fácil para o registro, mas desconcertante para a prática”. E. M Forster. “A maternidade é a coisa mais estranha. Você pode converter-se em seu próprio cavalo de Tróia”. Rebeca West. -“Gosto de longas caminhadas, sobretudo quando praticadas por pessoas que me aborrecem” Noel Coward. -“Mesmo se a felicidade se esquecer de você um pouquinho, nunca se esqueça dela”. Jacques Prévert. -“O amor nunca morre de causas naturais. Morre porque não sabemos como reabastecer sua fonte”. Anais Nin. -“Tudo que foi esquecido brada por socorro nos sonhos”. Elias Canetti. -“Um poeta é, acima de tudo, uma pessoa que ama apaixonadamente a linguagem”. W. H. Auden. -“As ideologias nos separam. Os sonhos e as angústias nos unem”. Eugene Ionesco. -“O passado e o futuro não existem. Tudo é presente”. Gonzalo Ballester. -“Não faz muito sentido escrever se não for para incomodar alguém”. Kingsley Amis. -“Não há agonia maior do que carregar dentro de si uma história não contada”. Maya Angelon. -“Precisamos de escritores porque precisamos de testemunhas deste terrível século” E. L. Doctorow. -“Desperdicei tempo e agora o tempo me desperdiça”. Shakespeare. -“Se você tiver cabeça e coração, mostre apenas um de cada vez”. Holderlin. -“Os poetas são os legisladores desconhecidos do mundo”. Shelley. “Sumidouros que sibilam, entram em ebulição e nos sorvem”. Virginia Wolf, sobre Dostoievski.