Algumas Menções sobre a obra literária de Lázaro Barreto, arquivadas em 03/03/2006.
1 – “Árvore no Telhado” – poemas.
- Rio de Janeiro, 6 de outubro de 1969
Meu caro Lázaro Barreto:
Com muita alegria recebi “Árvore no Telhado”. Enfim, o livro impresso, o poeta saindo da gaveta e dos suplementos para manifestar-se na forma devida! Como acompanhei de perto suas primeiras experiências poéticas, posso avaliar bem, através desse volume, o caminho percorrido, e o que você soube tirar de si mesmo e de uma visão crítico-emotiva do mundo, para compor a sua poesia, válida e múltipla. O resultado é plenamente compensador. Agradeço-lhe a dedicatória generosa e o “Mineral País de Itabira”. E fico desejando para seu livro a compreensão e o interesse dos bons leitores de poesia. Cordialmente o abraço amigo de Carlos Drummond de Andrade.
Carta de Dantas Motta, de Aiuruoca, MG em 07/10/1969: “Seu livro “Árvore no Telhado” agrada-me. Se o “Recital de Poesia” fascinava em mim como um intróito, ouro é que é o poema “Árvore no Telhado”, que, aliás, dá nome ao livro, seja de um belo áspero e participante. Nesta altura, impossível deixar de dizer-lhe que amei – e muito – “Duas Cinco Vezes à Ana Maria Hatherly”. É de fato, qualquer coisa nova, não tirada da sua mensagem, mas da sua concepção do verso livre. E isso basta. Muito obrigado.
Fragmento da carta de Ângela Anastasia Cardoso (BH 15/10/1969): “Escrevo para lhe dizer o prazer que me deu sua leitura, o tanto que gostei sobretudo de seus poemas “Duas Cinco Vezes à Ana Maria Hatherly” e o primeiro dos “Lírios pela Primeira Vez”.
fragmento da carta de Marilda Bernardino (BH, out.1969): “te conto que achei seu livro lindo da capa (com árvore e branco) ao dentro. eu te li na madrugada toda: e “já eram enormes horas da noite/ e eu ainda me feria nos poemas”.
Carta de Lacyr Schettino (BH, 13/11/69): Lázaro, dupla festa para a minha sensibilidade a sua “Árvore no Telhado”: os admiráveis versos e a dedicatória no poema “Rio Paranaíba”. Apesar de já ter lido e relido o livro, não desejo falar sobre ele, hoje. Fica para um próximo (e longo) comentário, pois há muito a comentar naquela riqueza poética que V. esbanja em seus versos. Por hoje vai meu agradecimento pelo presente, pela homenagem e pelos momentos de alegria interior (ah! como é bom a gente poder dizer isso com sinceridade a um poeta!) que a sua poesia me ofereceu. Pelos seus livros inéditos, também me dou conta de como é necessária e vital a comunicação em V. Comunicação que exige receptividade de quem o lê, e não uma mensagem recebida ao acaso, como quem lança, sem vontade de ser compreendido, um papel ao vento. Isso explica sua versatilidade dentro dos gêneros literários, os mais diversos, em que seu dom comunicativo é posto requintadamente à prova. Com a alegria do reencontro, Lacyr Schettino.
Carta do poeta Foed Castro Chamma (Rio, 7/11/69): “Estimado poeta Lázaro Barreto. O recebimento de sua carta trouxe-me a certeza de que o sentido da poesia não se circunscreve a uma realidade afeita apenas a experiências individuais, mas encontra ressonância por similitude, de maneira a convencer-me que a poesia pode servir de elo que, na verdade, constitui a melhor aspiração de todos nós, poetas voltados para a captura do real, para a troca instigadora de nossas experiências, em busca de um nivelamento de pesquisa e realização que, certamente, resultará naquela transformação fautora do homem grande e o mundo pequeno. Porque, a meu ver, o mundo é o homem e sua presença totalizadora está na dependência do que transforma e inventa. Compreendo que a arte, quando encontra padrões iguais aos que descubro em poemas como “Viaduto do Porto Velho”, “Previsão de Geraldo Teles”, “À Marli rocha” e quantos outros (todos?) do livro “Árvore no Telhado”, que me lembra a melhor corrente da poesia brasileira (mineira), Drummond, J.Guimarães Rosa, Lélia Coelho Frota, aguarda apenas seu momento para ultrapassar os limites das categorias representativas do que melhor se faz em poesia no Brasil neste momento. O universalismo de sua linguagem, a redução sintática a um amálgama inventivo com soluções surpreendentes garantem-lhe audiência, e louvo nosso idioma que se adapta tão bem com sua aspereza a semelhante magia. Estou aguardando o jornal literário “Agora” e confesso-me honrado com a inclusão de um poema meu em suas páginas. Queira aceitar o meu melhor abraço e a simpatia do Foed.”
Carta de Pedro Nava (Rio,17/10/1969): “Prezado Coestaduano, recebi e agradeço seu belo livro “Árvore no Telhado”, onde tão bem se retratam a sua sensibilidade e o seu talento. Espero que continue a me honrar com a remessa de suas produções literárias.”
Devo continuar citando? Penso que não. Comovente para o autor, estafante para o leitor. Mas tenho em mãos os artigos, notas e cartas que tanto me honraram e envaideceram, de escritores afáveis e de renome como: Danilo Gomes, Edgar Pereira Reis, Laís Corrêa de Araújo, Lélia Coelho Frota, Emil de Castro, José Afrânio Moreira Duarte, Mário de Oliveira, Adenor Simões Coelho, Ascendino Leite, Fabrício Augusto, Lycio Neves, Euclides Marques Andrade, Joaquim Branco, Nelly Novais Coelho, Ricardo Marques, Marco Antônio Guimarães, Ildázio Tavares, Eliane Zagury, SérgioTross, Plínio Doyle, Terezinka Pereira, César dos Santos (de Portugal), José Alberto Nabut – e tantos outros escritores, leitores e amigos.
2 – A Cabeça de Ouro do Profeta – contos.
Artigo “Um Contista Fantástico em Minas Gerais”, de Nevinha Pinheiro, no caderno Literatura do jornal Tribuna da Bahia, de 20/07/1973, do qual pinçamos o trecho: “...não distanciado literariamente de qualquer nome famoso propalado entre nós, está o mineiro Lázaro Barreto, com o seu livro de contos..., onde o fantástico é apresentado ao leitor com a naturalidade de quem fala do real objetivo...”.
Artigo de página inteira no jornal tribuna Literária , de Pirapora, MG, julho/1971, de autoria de Márcio Almeida, no qual acentua-se “a construção surrealista (surrealírica, aliás) no conto de Lázaro como sendo o resultado de experiências poéticas surrealistas”.
Artigo de Wagner Corrêa de Araújo no jornal Diário Mercantil, de Juiz de Fora em 21/01/71, enfocando “a maneira especial de ir trabalhando em silêncio, aumentando sua já grande bagagem literária..., onde sobressaem as obras “Árvore no Telhado” e o interessante nascimento brasileiro de Cristo nos textos de “Lapinha de Jesus”,em parceria com Adélia Prado”.
Carta de Myrtes Campelo: “...gostei demais de seu livro: capa, título, e o conteúdo que lembra Garcia Márquez... Não sei se vai gostar do parentesco...”.
Artigo de José Afrânio Moreira Duarte: “Lázaro Barreto, líder do Movimento AGORA, de Divinópolis..., que já surpreendeu como poeta, demonstra agora ser ainda muito melhor como contista.”
Artigos, fotos e contos publicados em Portugal por J.Santos Stock, em dois números do Horizonte Literário, do jornal Beira Baixa, de Lisboa.
Página inteira do Jornal do Brasil (2l/06/75), na qual o crítico Fausto Cunha analisa as publicações dos novos autores mineiros e Gilberto Mendonça Teles desenha um roteiro de nossa literatura moderna – em ambos os textos o livro é citado.
Destaque na página de Clevane Pessoa Rocha, na página de cultura da Gazeta Comercial de Juiz de Fora, reproduzindo o conto “Querida”, que também mereceu figurar numa antologia publicada pela Revista CRISIS da Argentina sobre os novos ficcionistas da América Latina.
Mercemiro de Oliveira destaca o livro em sua coluna do Diário do Oeste de 03/08/71, com a notícia: “O livro “A Cabeça de Ouro do Profeta”, premiado pela Academia Brasileira de Letras, está sendo objeto de estudo pelos estudantes do Colégio Leão XIII”.
Outras consideráveis menções em cartas, artigos e notas publicadas em jornais de Belo Horizonte e do Rio e por José Lobo, de Goiânia, Olga Savary, Domingos Diniz, Dora Tavares, Victor Giudice, Maria da Glória Oliveira, Juju Campbel, Lara de Lemos, Fátima Tavares.
Destaque para a carta recebida do escritor Humberto Werneck, quando dirigia o Suplemento Literário do “Minas Gerais”, em 29/04/69, sobre a então acintosa repressão da censura oficial vigente durante décadas em todo País humilhado por mais uma ditadura. Transcrevo na íntegra: “Meu Caro Lázaro Barreto: Murilo (Rubião) me pede que te devolva este excelente “O Inquisidor de Pássaros”, junto com uma explicação. Achamos o trabalho muito bom, maduro, dos melhores que você nos tem enviado; a opinião da Laís, lançada no canto da página,é também favorável. É claro que você compreende. Fazer um jornal oficial é estar limitado, cerceado. Isso nos leva, aqui, a uma asquerosa tarefa de censores de moral e política, vetando, com muita dor, tudo o que possa desencadear uma campanha contra o Suplemento. Sem a autonomia desejável, tratamos de fazer o possível. Dentro de cada vigário, diretora de grupo e barnabé aposentado, meu caro, mora um monstro implacável, burro e moralista; um monstro a fim de catar “sacanagens” e “subversões”, para depois botar a boca no mundo. Esse tipo de pressão, em se tratando do SL, é muitíssimo ponderável e não dá a menor trégua. Já para não falar num certo tipo de escritor velho e acadêmico, reacionário a mais não poder, magoado e temível porque a gente fecha a porta à sua subliteratura. Um dia, com calma, te conto as coisas incríveis que temos visto aqui no SL. Olha, isso não foi uma explicação,você entende. Publique em alguma parte este conto, com o destaque que ele merece. E nos mande sempre colaboração. Abraços do Humberto Werneck.
3 – Mel e Veneno – Poemas.
Carta de Pavla Lidmilová, de 02/03/1984 (escritora tcheca especializada em literatura de língua portuguesa, que traduziu para sua língua os romances “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e “Perto do Coração Selvagem”, de Clarice Lispector. Lázaro manteve com ela amizade e correspondência durante mais de 20 anos): “Praga, 02/03/1984. Caro Lázaro: Agradeço-lhe muito o seu livro de poemas mais novo, Mel e Veneno, que inclui também “Num Canteiro de Flores”, de que gosto tanto. Estou lendo devagar, saboreando os seus belos poemas num relacionamento com outros poetas, mas também com os seus leitores, e comigo. E queria dizer-lhe (como você a Drummond), obrigada, Lázaro. Um grande abraço e os votos de felicidades da velha amiga Pavla”.
Carta de Fábio Lucas (02/03/84, São Paulo, SP): “Meu caro Lázaro Barreto. Sou-lhe grato pelo envio de “Mel e Veneno, que li de uma vez só, preso à alta qualidade de sua poesia. Você encontrou um modo muito próprio de manifestar-se poeticamente. Sabe deslizar num coloquial ameno, conectar o texto à grande literatura, exprimir as contradições da época e, frequentemente, dramatizar o texto, que adquire crispações admiráveis. É quando a sua energia criadora mais se revela. Extraí o poema “Eleições Diretas” para divulgar. Abraços do Fábio Lucas.”
Carta de Carlos Drummond de Andrade, Rio, 25/03/84. “ Caro Lázaro Barreto: “Mel e Veneno”: que livro sério e delicado, de boa poesia , da legítima! Sua voz precisa ter vida fora do círculo regional, pelo que ela acrescenta ao fazer poético brasileiro. Não é você, sou eu que devo dizer: Obrigado, Lázaro! O abraço, a cordialidade e a admiração do seu Carlos Drummond de Andrade.”
Carta de Lara de Lemos (Mury, RJ, 19/03/84): “Caro amigo Lázaro Barreto: foi uma enorme alegria receber seu livro. Há muito admiro sua poesia social. “Sob o Peso no Caminho”, “Paráfrases dos Provérbios” e o “Dia Destruído”, são poemas comoventes. Além disso há uma grande força lírica na maioria de seus trabalhos. Gostei especialmente de “Os Lírios do Ser”, “Mirafélia”, “Ela canta no Quintal”, “Idos de Março”, “Tempo Tempero, “Obrigado Drummond”, “As Mulheres e Seus Versos” (obrigado pela referência). Parabéns! Você tem o que dizer e sabe dizê-lo. Desta vez , gostei muito dos títulos e até construí um poema com eles. Veja no que deu:
PRA LÁZARO BARRETO
Necessitamos teu grito
que denuncia
O DIA DESTRUÍDO
A TERRA SECA
O CLIMA SUFOCANTE
SOB O PESO, NO CAMINHO
OS SEGREDOS DA NOITE
que desvendas
EM PALVRASA TANGÍVEIS.
Necessitamos do lirismo
com que cantas MIRAFÉLIA
AO SOM DE GUITARRAS NA CAMPINA.
MEL E VENENO
nos deste
nesses IDOS DE MARÇO
e eu te agradeço
OBRIGADO, BARRETO.
Com o abraço sincero de Lara.”
O livro consta na lista dos mais vendidos em Divinópolis em março/84, mês do lançamento. Muitas menções elogiosas em Cartas, Notas e artigos de Alciene Ribeiro Leite, Regina Martins, Marina Colasanti, Reinaldo Alvarinho Alvarez, Kátia Bento, Evandro Ribeiro de Oliveira, Leonel Brisola, Sérgio de Castro Pinto, Antônio Eduardo Andrade, Oswaldo André, Affonso Romano de Santana, que escreveu: “alguns de seus textos eróticos e sociais são das melhores coisas que tenho lido ultimamente” (Revista Status, SP), Nélida Pinon, Jeter Neves,Nevinha Pinheiro, Geraldo Dias da Cruz, Lúcia Machado de Almeida, Murilo Rubião, Elias José, Saul Martins, Tancredo Neves, José Aparecido de Oliveira, Nelly Novais Coelho, Tereza Malaquias, Astrid Cabral, em artigo publicado pela revista “Colóquio/Letras”,de Lisboa, onde enfatiza “a voz dramático-nostálgica do mundo rural ameaçado” de um autor “estranhamente ausente da nova poesia brasileira, situada num emparedamento subjetivo, propiciador do isolamento e da sofisticação verbal”.
Algumas menções anotadas e arquivadas em 13/04/2009:
Transcrito de um e-mail de José Roberto Balestra: “Terminei de ler seu post “Diário de Leitura de Proust” e o outro, também acerca de Marcel Proust. Fiquei maravilhado com suas interpretações e com as lições que dali recolhi. Aprendi demais. Aliás, você é um mestre mesmo. Que bom que o descobri aí nessa Divinópolis, escondidinho-da-silva. Adoro esse tipo de leitura sua”.
Da poeta belorizontina Adriana Versiani: “Parabéns pelo belíssimo texto publicado no site “Cronópios”. Pessoas como você precisam ser lidas e relidas. Meu dia amanheceu mais rico”.
Da poeta divinopolitana Marilda Mendes: “Suas palavras são deliciosas. Você precisa providenciar um livro só com elas, para o público levar para todo lugar.... Você faz despreender o sentido pleno das palavras alheias e melhor concentrá-las numa nova construção...”.
De Billy Cletus, da Inglaterra, em e-mail traduzido por Ana Paula Barreto Lopasso, sobre meu blog literário: “publicação legal. Este é realmente um blog muito bacana. Continue fazendo este belo trabalho. Eu voltarei”.
De Lizete Souza Passos, de Porto Alegre: “Adorei no seu blog o texto “Colcha de Retalhos”, de antropologia com nuances de filosofia e de psicologia. São idéias assim que ajudam as pessoas a se conhecerem sem a necessidade de uma receita pronta, pois cada um pode escolher sua maneira de conduzir-se”.
De Ana Hatherly, escritora e poeta portuguesa: “Recebi as suas leituras de INTERFACES DO OLHAR” (livro dela). “Fiquei verdadeiramente surpreendida e gratíssima pela sua leitura e conseqüente escrita. É muita generosidade sua mas o que mais conta é o brilho de sua escrita. Felicito você e felicito-me a mim por ter um leitor assim.... Bem haja por tudo”.