Marguerite Yourcenar:
“A beleza feminina. Anacreonte é bom poeta e Sócrates um homem de indiscutível estatura ética e intelectual, mas não compreendo em absoluto que se renuncie aos tenros e róseos contornos da carne, aos abundantes corpos tão diferentes dos nossos nos quais se penetra como conquistadores que entrassem numa cidade florida e para eles engalanada”. Em “A Obra em Negro”, trad. de Ivan Junqueira, edit. Rio-Gráfica, 1986, Rio de Janeiro, RJ.
Assis Brasil:
“Aristóteles já tinha desenvolvido um importante sistema filosófico que, segundo ele, abarcaria todo o conhecimento humano, a partir mesmo da idéia, algo misteriosa e esteticamente bela, de que a Natureza, para alcançar sua plenitude criativa, almejava alcançar também o pensamento e a inteligência: a matéria – bruta? inanimada? – se transformando em elevado desígnio”. Em “Bandeirantes – Os Comandos da Morte”, vol. I – Edit. Imago, RJ, 1999.
Gaston Bachelard:
“A sublimação, na poesia, desapruma a psicologia da alma terrestremente infeliz. A poesia tem uma felicidade que lhe é própria, qualquer que seja o drama que ela seja levada a ilustrar... Trata-se de passar, fenomenologicamente, as imagens invividas, que a vida não prepara, mas o poeta cria e faz viver o invivido ao se abrir um espaço na linguagem”. Em “Fragmentos de Uma Poética do Fogo”, tradução de Norma Telles, edit. Brasiliense, 1990, São Paulo, SP.
Georg Steiner:
“Um crítico não tem acesso a certas generosidades da imaginação às quais um artista tem direito” (pág.239). “A cultura é uma força humanizadora, as energias do espírito são passíveis de transferência para o comportamento” (pág. 15). “Os filósofos sabem que estão usando a linguagem para purificar a linguagem, como os lapidadores usam o diamante para facetar outros diamantes” (pág. 38). “Agora as Sereias tem uma arma ainda mais fatal do que as canções”, escreveu Kafka nas Parábolas, “ou seja, o silêncio” “ E, embora por certo isso jamais tenha acontecido, ainda assim é possível que alguém tenha escapado do canto das sereias, mas de seu silêncio, certamente, jamais”. Em “Linguagem e Silêncio”, trad. de Gilda Stuart e Felipe Rajabally, edit. Cia. das Letras, 1988 – São Paulo, SP.
Anton Tchecov:
“Suas leituras semelhavam algo como se ele estivesse boiando no mar, entre os destroços de um navio naufragado, e, querendo salvar sua vida, se agarrasse convulsivamente ora a um destroço, ora a outro” (pág. 91). Em “A Aposta e Outros Contos” – trad. de Fatiana Belinsky, Aurélio Buarque de Holanda e Paulo Rónai, Ediouro, RJ, 1993.
Gregório de Matos:
“Carregado de mim ando no mundo,
e o grande peso embarga-me as passadas,
que como ando por vias desusadas,
faço o peso crescer, e vou-me ao fundo” (pág. 28). Livraria AGIR Editora, São Paulo, SP, 1985.
Walt Whitman:
As palavras dos verdadeiros poemas dão-vos mais do que poemas:
dão-vos com que compor os vossos próprios poemas, religiões,
política, guerra, paz, contos, ensaios, vida cotidiana
e tudo mais,
dão balanço de castas, cores, raças, credos e sexos,
não procuram belezas, são procurados - sempre em contato com eles ou bem próxima deles segue a beleza,
desejosa, ansiosa, enamorada”. Em “Folhas de Relva”, trad. de Geir Campos – edit. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1964.
Millôr Fernandes:
“Na hora da fome todo revolucionário acaba aceitando uma boa sopa reacionária”. “Tenho quase certeza de que uma vez, no Meyer, em certa noite de tempestade, fui barbaramente assassinado. Mas isso foi há muito tempo”. “Brasilia: o maior crime político cometido contra o Brasil”. “Brasília prova que os países também se suicidam.” “Deus foi muito bem sucedido no Brasil. Mas fracassou totalmente nos brasileiros”. “Pouco a pouco o carnaval se transfere para Brasília. Brasília já tem, pelo menos, o maior bloco dos sujos”. “Sou um homem acima de qualquer corrupção das que já me ofereceram até hoje”. “Todo mundo é fascinado por estrela cadente. Ninguém por estrela caída”. Em “A Bíblia do Caos” – edit. L&PM Pocket, 1994, Porto Alegre, Rj.
Philip Roth:
“Nascemos inocentes”, a moça escreve, “sofremos terríveis desilusões antes de ganharmos experiência e, depois, tememos a morte... e nos são concedidos apenas fragmentos de felicidade para compensar o sofrimento”. Em “O Professor de Desejo” – trad. de Gabriella Mendonça Taylor, edit. Círculo do Livro, São Paulo, SP. 1977.